TSE leva blocos familiares à reavaliação

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Nonato Guedes

Se for consolidada a decisão do Tribunal Superior Eleitoral, promovendo redução de bancadas federais e estaduais em algumas unidades da Federação, blocos políticos familiares na Paraíba vão reavaliar o quadro para acomodar pretendentes na disputa do próximo ano. O deputado federal Wellington Roberto, do PR, parece ser o mais tranqüilo, uma vez que seu filho, Caio, já exerce mandato na Assembléia Legislativa e a dobradinha pode se repetir no próximo ano. Em relação ao “clã” Santiago, a posição é mais duvidosa. O ex-senador Wilson deixou o PMDB e ingressou no PTB com a condição de disputar um mandato majoritário, provavelmente o de senador. Como só há uma vaga em jogo em 2014, Santiago pai pode abrir mão da disputa majoritária e partir para a deputação federal. Nessa hipótese, o deputado Wilson Filho, ainda filiado ao PMDB e que está no primeiro mandato em Brasília, poderá ser compelido a disputar mandato na Assembléia Legislativa.

O “clã” peemedebista de Campina Grande terá que fazer, também, uma análise isenta da conjuntura. Atualmente, Vital do Rego é senador e sua mãe, Nilda Gondim, é deputada federal. Veneziano Vital encerrou o mandato como prefeito de Campina Grande por duas vezes e coloca-se como alternativa dentro do PMDB para concorrer ao governo do Estado. O mandato de Vital como senador ainda se estende até 2018, mas o de Nilda encerra-se em janeiro de 2015, tendo a deputada que renová-lo, se pretender permanecer na Câmara. Com a candidatura de Veneziano ao governo, poderá surgir reclamação de monopólio político, e este é um fator que começa a ser levado em conta pelas forças peemedebistas da Rainha da Borborema. Falta definir, também, a posição do “clã” dos Ribeiro. O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, está licenciado do mandato de deputado federal. Cogitado para cargos majoritários na Paraíba, ele tem dado a entender que prefere disputar a reeleição. Se isto ocorrer, mantém-se a dobradinha com a irmã, Daniella, que é deputada estadual. Mas isto não impede que Daniella seja candidata a vice-governadora numa chapa de oposição. Nesse caso, aflora o nome do pai dos dois, Enivaldo Ribeiro, como opção à Assembléia.

No grupo Cunha Lima, os interesses poderão ser acomodados sem problemas. O senador Cássio tem mandato até 2018 e já disse que não pretende disputar o governo este ano. Em contrapartida, seu filho, Pedro, é estimulado a sair candidato a deputado federal. A composição se daria sem maiores problemas, na opinião de “experts” políticos. No que diz respeito ao Democratas, já há algum tempo cogita-se uma candidatura do atual secretário de Infraestrutura do governo, Efraim Morais, a mandato político. Ele foi derrotado nas eleições de 2010 quando postulava reeleição ao Senado. O deputado federal Efraim Filho movimenta-se para tentar a reeleição à Câmara. Se Efraim pai não lograr êxito numa chapa para disputar o Senado ou figurar como candidato a vice-governador na chapa de Ricardo Coutinho, poderá fazer um acordo interno, saindo postulante a federal, mandato que já exerceu, enquanto Efraim Filho disputaria a Assembléia Legislativa. Há uma incógnita em relação ao “clã” Gadelha. O suplente de deputado federal Leonardo Gadelha está na titularidade, em virtude da ascensão de Aguinaldo Ribeiro ao ministério das Cidades. O pai, Marcondes Gadelha, que já foi senador e preside o PSC no Estado, pode ser tentado a disputar mandato à Câmara, o que remanejaria Leonardo para concorrer à Assembléia, ocupando o espaço deixado por André Gadelha, que foi eleito prefeito de Sousa. Há opções variáveis em ouros partidos que compõem o espectro político paraibano. Mas a partir de agora paira a incerteza, diante da indefinição sobre o desfecho quanto à decisão do TSE que reduziu bancadas em alguns Estados. A maioria dos políticos aposta numa reversão da medida pelo Supremo Tribunal Federal, que até agora não sinalizou nenhuma posição a respeito.