TODOS MUDAM PRA QUALQUER LADO. A POLÍTICA FICOU REDONDA

Gilvan Freire

oportunidade

Na medida em que não há mais, na política, princípios pragmáticos ou éticos, as composições partidárias devem ser feitas por outras razões menos nobres, de preferência por interesses materiais mesmo. O eleitor também não será mais tão exigente como já foi noutros tempos. Afinal, o eleitor vai exigir postura politicamente correta de quem? Qual o partido ou homem público que está pautando sua atuação por uma conduta retilínea, coerente e sem contradições? Que líder está se revelando pela firmeza de suas posições e pela confiabilidade de suas opiniões?

“Indo e voltando”, “dizendo e desdizendo”, “fazendo e negando”: é assim que agem os políticos na atualidade, sem qualquer preocupação com as impressões que causam aos eleitores, pois o que está em jogo não é mais o interesse da população e sim a sorte dos próprios políticos. Eles assumem publicamente que têm de garantir a sobrevivência. Será que há alguém achando que a sobrevivência de que falam diz respeito ao interesse coletivo?

POIS É. A CRISE POLÍTICA INSTALADA DENTRO DO PMDB, o maior partido do Estado e o que tem mais eleitores aficionados, é também produto dessa desagregação e degeneração geral que transforma interesses de pessoas em prioridades falsamente públicas mas destinadas a contemplar agrupamentos familiares que fazem da política um meio de vida. A Paraíba está infestada desses grupos e a sobrevivência deles é que conduz as negociações políticas. O que é bom para esses núcleos, que estão dominando o cenário partidário, há de ser bom para a população de todo o Estado, ainda que o povo não seja ouvido para nada. Não estamos vivendo numa terra sem donos, estamos vivendo num lugar só de donos. E servos.

 

Os tremores ocorridos no tabuleiro político da Paraíba nas últimas horas, cujo desenho final já tinha se delineado desde a última semana, precisa ser contado em pormenores, a fim de que a sociedade não continue enganada a respeito do que afirmam os líderes, ou omitindo verdades ou encobrindo fatos, enquanto os interesses de cada um é defendido com unhas e dentes, pouca lisura e zero de transparência.

 

DE QUALQUER FORMA, OS DESFECHOS JÁ VINHAM SENDO PREVISTOS, mas a novidade é que, daqui pra frente, cada setor vai querer responsabilizar o outro pelas mudanças abruptas ocorridas nesta antevéspera das convenções. E, de fato, caberão algumas graves responsabilidades a muitos, mas ninguém haverá de assumir sozinho. Eis ai uma chance de o eleitor saber com que tipo de líder está convivendo, capaz, inclusive, de não assumir nem mesmo a posição que toma, ou de justificá-la com argumentos que nunca foram da essência de outros compromissos anteriormente assumidos e posteriormente desfeitos.

 

Agora, tudo é possível abaixo da linha do equador, porque todos os líderes já mudaram de posição varias vezes nos bastidores, sempre preservando interesses familiares ou próprios, sem um mínimo de preocupação com as paixões políticas que permeiam a sociedade. É como se os jogadores da seleção brasileira entrassem em campo pensando somente em si, sem considerar o papel e os interesses dos torcedores. É um vexame.