Toda escola tem sua história

Por Rubens Nóbrega

Talvez alguém não entenda porque me ufano de Bananeiras. Tenho certeza, contudo, que esse alguém abonaria o meu orgulho (no melhor dos sentidos) se soubesse que o lugar da minha devoção tem e faz coisas que muitos outros gostariam, poderiam ou deveriam copiar sem receio algum, pois o que é bom a gente segue, reproduz e até reinventa.

Dou como exemplo um dos vários projetos bacanas que um grupo de abnegadas educadoras desenvolve no Grupo Escolar Xavier Júnior, da minha cidade. Trata-se de resgatar a história da minha primeira escola, onde estudei o Primário entre os anos de 1964 e 1967 e aonde retornei no dia 25 de setembro último para dar alguma contribuição a esse trabalho.

Na companhia de Túlio, meu primogênito, fui lá a convite das Professoras Alvarita de Melo e Aparecida Marques, a primeira Coordenadora Pedagógica e idealizadora do Projeto Cultura e Turismo na Escola, que engloba vários conteúdos e propostas, entre as quais a de recuperar os fatos que devem servir a um registro sistematizado da memória desse que é um dos melhores educandários da rede estadual de ensino.

Basta dizer que a Escola Estadual de Ensino Fundamental Xavier Júnior (eis a denominação oficial) foi premiada por dois anos consecutivos (2011 e 2012) com o Prêmio Escola de Valor, pela eficiência da Gestão Escolar. Em razão desse prêmio, todos os servidores da escola receberam um 14º salário pago pela Secretaria de Estado da Educação.

Na minha época de aluno do grupo não havia incentivos do gênero, pelo que me lembro, mas, seguramente, diretoras, professoras e funcionários do grupo daquele período tinham o mesmo entusiasmo, o mesmo amor à causa, a mesma dedicação que vi e senti nas pessoas que hoje fazem o Xavier Júnior. E o fazem com tamanha qualidade e superação que por segundos a gente esquece do salário pouco que recebem para fazer tanto e tão bem.

 

Mestres da Educação
Este ano, as professoras do meu Grupo Escolar resolveram concorrer também ao Prêmio Mestres da Educação, promovido pela mesma SEC-PB. Com integral apoio das gestoras Francyjanne Rosa e Socorro Araújo, a Coordenadora Alvarita e as demais Mestras têm tudo para conquistar a nova premiação com o Projeto Cultura e Turismo na Escola, que abrange as seguintes temáticas:
– Artesanato em Bananeiras (1º Ano, Profª Bernadete Sena); Bananeiras, uma história que encanta (2º Ano, Profª Goretti Vital); Empreendimentos (3º Ano, Profª Graça Maia); Eventos Culturais (4º ano A, Profª Paula Evaristo); Atrativos Turísticos (4º Ano B, Profª Ana Macedo); Memórias da Escola (5º Ano A, Profª Aparecida Marques); Memórias da Cidade (5º Ano B, Profª Maria de Lourdes); Cordel Ilustrado – Lenda de Bananeiras (EJA, Profª Gilvanisa Maia); Hino a Bananeiras (Sala de Recurso Multifuncional, Profª Ana Kallina Rocha) e Grupo de Danças (Profª Mércia Barbosa).

 

Dia de muita emoção

Sou do tipo que “qualquer beijo de novela me faz chorar”, como diria o poeta Zeca Baleiro. Imaginem, então, o quanto me emocionei vinte dias atrás ao voltar ao Xavier Júnior, 41 anos depois de ter saído de Bananeiras, e nesse retorno ter reencontrado o melhor da minha infância, que foi estudar naquela escola.
Ainda mais daquele jeito, do jeito imensamente generoso e carinhoso com que fui recebido por todos. Todos, acredito, na expectativa de que este ex-aluno pudesse dizer algo de proveito para o Projeto Memória da Escola. Temo que a minha contribuição tenha sido pífia.

Temo pelo seguinte: como se não bastasse toda a emoção do reencontro com aquele ambiente, o que já me teria sido demasiado e bastante, ainda me brindaram com a imensa satisfação de rever alguns dos meus contemporâneos da 4ª Série, como Célia Almeida, Marcelo Pinto, Marcos Teixeira e Edjane Girão. A eles, o meu mais escolhido agradecimento e desculpas, porque sei que deixaram afazeres profissionais e domésticos para participar daquele momento que me embargou a voz, embaralhou-me o pensamento e me deu enorme trabalho para segurar a onda e as lágrimas.

 

Um Diário de Classe

Como se fosse pouco, fui entrevistado por uma turma do 5º Ano. Encarei uma bateria de perguntas formuladas por meninos e meninas que queriam saber do meu tempo na escola. Tentei atendê-los, juro que tentei. Devo ter conseguido pouco, porque em cada um deles eu me via como fui nos anos sessenta e pelo resto da vida, ou seja, eterno e razoavelmente aplicado aprendiz, é verdade, mas igualmente super encabulado e tímido para falar em público.
Fechando a maratona, fui presenteado com uma cópia do Diário de Classe da 4ª Série, que tinha como mestra a Professora Lucimar Lucena da Costa, que me ensinou no meu último ano no Xavier Júnior. No documento, encontrado após minuciosas buscas no arquivo escolar realizadas pela secretária Suely Costa, constam os nomes dos alunos, de seus responsáveis, respectivos endereços e, claro, os registros de desempenho, frequência e atividades escolares. Olha, pelo que revi, vou dizer uma coisa pra vocês: estou bem na fita, bem mesmo. E há uma razão muita forte pra isso. Uma razão chamada Bananeiras.