Uma portaria assinada pelo juiz da vara da infância e juventude de Bayeux, Antônio Rudimacy, interrompeu o espetáculo “Cabaré do Pastoril Profano”, apresentado pela Companhia Paraibana de Comédia, na noite deste sábado (02) no ginásio do colégio Jaime Caetano.
Após o início da apresentação teatral, fiscais do poder judiciário chegaram ao local munidos da portaria, informando a produção do evento que o espetáculo teria que parar pois haviam crianças abaixo de 16 anos que não poderiam permanecer no recinto, mesmo acompanhadas dos pais.
Ao ser avisado do que acontecia nos bastidores, o ator e diretor do espetáculo Edilson Alves, imediatamente se dirigiu ao público e não conseguiu segurar a emoção.
“Gente de Bayeux, preciso parar o espetáculo agora. O juiz da cidade disse que não podemos continuar enquanto não forem retiradas todas as crianças menores de 16 anos, mesmo aquelas acompanhadas dos pais ou responsáveis. Faz 23 anos que o Pastoril realiza espetáculos pelo Brasil inteiro e isso nunca aconteceu, mas aqui em Bayeux estamos passando por esse constrangimento. Infelizmente estou me sentindo o pior bandido de João Pessoa, nem na ditadura faziam isso”, disse Edilson, indo as lágrimas e recebendo o apoio do público.
Em seguida, Fábio Freitas, um dos fiscais da justiça pediu a palavra e se dirigiu a plateia, dando outra versão.
“Pessoal, deve estar havendo algum mal entendido, pois não pedimos para parar o espetáculo em nenhum momento. Trouxemos a portaria assinada pelo juiz dia 03 de março e que já era de conhecimento da produção. Eu sou fã do Pastoril, já assisti três vezes, mas estou aqui para cumprir a lei. Infelizmente menores de 16 anos não vão poder ficar e os maiores de 16 e menores de 18 anos só poderão ficar acompanhados pelos pais”, finalizou, recebendo vais da plateia.
Em contato com o editor do portal PRIMEIRAS NOTÍCIAS, Paulo Neto, que estava prestigiando o evento, a produtora Janaína Dias falou que era impossível retirar as crianças após o início do espetáculo e que tentou barrar a entrada dos mesmos, sem sucesso.
“Assim que abrimos a bilheteria, informamos aos pais que a presença de crianças não era permitida, mas os mesmos não aceitaram e disseram que iriam se responsabilizar por tudo. Ora, se um pai ou uma mãe diz isso, quem sou eu? Os pais sabem o que é melhor para seus filhos e eu não tenho o direito de interferir”, afirmou Janaína.
Após quase uma hora de diálogo entre as partes, a produção do evento resolveu encerrar o espetáculo e devolver o dinheiro aos presentes, causando revolta do público com a decisão da justiça.
“Meu filho tem 10 anos. Quando ele liga a TV a qualquer hora da noite tem mulher pelada, baixaria, palavrão. Liga o rádio durante o dia e tá passando música com letras de gosto duvidoso envolvendo sexo, palavrão e cantadas até por MCs que são crianças. Aqui mesmo em Bayeux, nesse momento, muitos menores estão em bares enchendo a cara, em vários locais públicos usando drogas ou se prostituindo. Por que esse juiz não se preocupa com isso?”, indagou um dos pais que estava com seu filho menor no ginásio.
Já com o ginásio vazio, os produtores contabilizaram um prejuízo de quase R$ 3 mil reais que envolve o aluguel de som, iluminação, palco, cadeiras, o conjunto musical que os acompanham em todas as apresentações e a locomoção até Bayeux.
Fonte: PRIMEIRAS NOTÍCIAS
Créditos: PRIMEIRAS NOTÍCIAS – Paulo Neto