TCE ainda sem data para julgar a Conta da Lagosta

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Rubens Nóbrega

A pedido de assíduo e qualificado colaborador da coluna, procurei saber ontem no Tribunal de Contas do Estado (TCE) se havia alguma pauta para julgamento da famosa prestação de contas da Casa Civil do Governador referente ao exercício de 2011.

Não, não há data marcada para os conselheiros apreciarem o quê e o quanto o contribuinte pagou para alimentar, vestir e até higienizar a Primeira Família com tudo do bom e do melhor, incluindo gastos de caráter absolutamente pessoal consumados segundo a grife do produto ou o refinado gosto da Primeira Dama.
As contas de 2011 da Casa Civil, todos lembram, ganharam fama e repercussão nacionais graças não apenas à quantidade, qualidade e luxo do que foi comprado, mas, sobretudo, em razão dos métodos e procedimentos de compra absolutamente inusitados, alguns de discutível legalidade, outros de inequívoca imoralidade.

A polêmica prestação de contas compõe os autos do Processo nº 3011/12 (anote aí quem quiser acompanhar o trâmite). Por conta dela, o distinto público pagante tomou conhecimento de preciosos achados de auditoria no milionário abastecimento da despensa da Granja Santana no ano em que a Corte foi às compras com força.

Mas o Processo ainda está na Dicog 2, que vem a ser a 2ª Divisão de Contas de Governo, para análise da defesa escrita apresentada pela Casa Civil. De lá deve seguir para o relator, o conselheiro Umberto Porto, que por sua vez o submeterá ao Ministério Público atuante na Casa.

Do MP/TCE deverá sair manifestação jurídica pró ou contra a Casa Civil, ou seja, pela regularidade ou irregularidade da famosíssima ‘Conta da Lagosta’. Os autos retornarão, então, ao Doutor Umberto, que de posse de todos os elementos, despachos e pareceres, redigirá o seu voto-relatório e o levará a julgamento pelo Pleno do TCE.

Enquanto tudo isso não acontece, ofereço adiante valiosa contribuição do mesmo amigo que me pediu as informações sobre em que pé – ou gaveta – está o processo que também ficou referenciado pelo nome de Operação Noivinhos. Ou, como prefere o autor do texto a seguir, Mingaugate, sobre o qual discorre em três partes ou lados.

Lado Escatológico/Burlesco

O pouco que sei do Mingaugate (o nosso Watergate tabajara) é que o pirralho rebento da esposa do Capitão Donatário consome pouco mais de duas latas de farinha láctea por dia. É um tourinho essa criança!

Outrossim, o Secretário Valadares (assim a Folha de S. Paulo apodou o nosso dublê de Chefe de Gabinete/Cientista Político) tentou tirar o dele da reta, dizendo que assinava tudo como despachos normais (diríamos, “em confiança”) e que a população local estava muito curiosa porque desde Ariano Suassuna nenhuma criança governamental nascera na Granja Santana.

Como Ariano não perde a piada, mandou agradecer ao referido Cientista Político. Afinal, a Granja Santana havia sido adquirida em 1971 e, portanto, Ariano se sentia remoçado com essa mingauzada toda.

Lado Escatológico/Trágico

A autofagia deve estar pegando pesado nos desvãos do Palácio da Redenção (que bem pode ser cognominado de Palácio da Danação). Com a perda da Prefeitura de João Pessoa, a disputa biológica pelo butim de cargos parece estar feroz e as práticas de predatismo e parasitismo devem estar substituindo o velho e bom comensalismo que imperava até dezembro.

É mais ou menos aquela velha frase dos cientistas políticos do Ponto de Cem Réis: “Em casa que falta pão, todo mundo briga e ninguém tem razão”. E haja encontrar nichos na UFPB e em outros dóceis acolhedouros para acomodar tanta gente sequiosa de se sacrificar pelo povo! Se RC não se reeleger em 2014, a corrida às boquinhas e sinecuras vai virar um inferno dantesco. Será um espetáculo terrível de se ver. Convém baixar um pudico véu frente a cenas verdadeiramente inenarráveis.

Lado Escatológico/Bufo

As bufonarias de nossos aparatchiks, de nossa nomenklatura, de nossos tovarichs, urdidas em suas dachas de verão (com direito a muito rabo de lagosta e whisquinho 12 anos em seus opíparos banquetes) estão apenas carreando mais água para o moinho campinense do Sr. Lima, que deve estar se divertindo no fundo da cena, à sombra, manipulando comodamente seus fantoches para utilizá-los no momento azado.

Enquanto RC e quejandos estão tendo seus fígados expostos no pelourinho midiático à sanha da ralé, da patuleia, da rafameia ensandecida, o paladino da Borborema acompanha tudo com um olho na sardinha e outro no gato. Em 2014 estará bastante blindado para comandar a reação termidoriana tabajara e acabar com a nossa primavera, “que foi, sem nunca ter sido”.

Nessa verdadeira parusia socialista, praga mesmo só a da maldição e não a tcheca. Bom, parece que há prenúncio de sangue e carniça em tempos vindouros. Sem ouros nem louros, só pelouros.
(assina) Madame Gaié, especialista em arte culinária pós-moderna.