TAREFA HERCÚLEA DE LUIZ TORRES

Por Paulo Santos

O jornalista Luís Torres assume a Secretaria de Comunicação do Estado e, como se diz popularmente, está escalado para cumprir os “12 trabalhos de Hércules”, tal o número de obstáculos que deve ultrapassar se quiser sair vitorioso na árdua – e bote árdua nisso! – missão à frente do cargo.
O primeiro e maior desafio de Torres deve ser dar um mínimo de credibilidade ao Governo, que dispõe de pessoas competentes, testadas e aprovadas em missões anteriores, mas vivem a derrapar porque, desde seus primeiros dias, não souberam – ou não puderam – executar bem as tarefas.
Nomes como Gustavo Nogueira, Aracilba Rocha, João Azevedo, Efraim Morais, Carlos Pereira de Carvalho e a surpreendente Ruth Avelino – que conheço de perto – têm feito “das tripas coração” para dar eficiência e tranquilidade ao Governo, mas a maioria dos colegas de equipe não parece estar disposta a cumprir suas tarefas com parcimônia e espírito público.
Ao desafio de obter credibilidade para o Governo, Torres terá que atuar como interlocutor das necessidades da “máquina” estatal junto aos veículos de comunicação, sobretudo no trato com os diversos segmentos da mídia. Nenhum dos três antecessores no cargo soube – ou almejou – fazer isso. Preferiram o caminho da arrogância e da prepotência, com exclusões, perseguições e discriminações.
Paralelamente à credibilidade e ao relacionamento com a mídia, Luís Torres deverá conter os ímpetos laudatórios de muitos bajuladores – sobretudo paraquedistas da imprensa – que buscam transformar o espaço político num ringue, com a ferocidade de lutadores de MMA, mas tão desastrados quanto macacos visitando lojas de produtos de porcelana.
Levando-se em consideração o calendário eleitoral, Luís Torres tem pouco menos de nove meses para impor uma nova forma de comunicação na Paraíba para forçar o eleitor a acreditar que Ricardo Coutinho possa mudar o estilo de atuação do Governo e, de fato, andar lado a lado com os anseios da população.
A mudança de comando na Comunicação devolve o setor a um profissional do “batente” e sem ambições políticas (pelo menos por enquanto). Não é sacrilégio ambicionar altos voos no espaço político, porque isso já foi tentado e obtido por outros (se ainda estivessem entre nós, teríamos os depoimentos de Soares Madruga e Jório Machado), mas com o mínimo de respeito aos interlocutores.
Outro aspecto que vem à superfície, em função da chegada de Torres, é que o governador Ricardo Coutinho não aproveitou a oportunidade para promover mudanças em outros setores que causam mais desgastes ao Governo do que a Comunicação. Há auxiliar cuja credibilidade está no mesmo nível da Secom, anteriormente. Como a prerrogativa de mudar – ou não – é do Governador, deve ele arcar com as consequências. Apesar das infindáveis reclamações dos aliados e da maioria da população.