Surpresa na avaliação

Rubens Nóbrega

Confesso que me surpreenderam os resultados das avaliações de governo de Ricardo Coutinho no Estado e de Luciano Agra na Capital, avaliações essas feitas por eleitores de João Pessoa nessa primeira pesquisa Ipespe.

Até conhecer ontem, final de tarde, os números que este Jornal deve trazer em sua edição de hoje, a minha percepção (ou intuição) conferia ao governo municipal uma aprovação maior do que aquela do governo estadual.

Mas deu o contrário: o Ricardo I tem 40% de aprovação (12% de ótimo + 28% de bom) e o Agra 12, apenas 34% (7% de ótimo + 27% de bom).

Em compensação, quem gosta mais de Agra do que de Ricardo pode dizer que nessa pesquisa a reprovação ou desaprovação (soma de ruim com péssimo) do governo municipal é razoavelmente menor que a do governo estadual.

É verdade: no quesito rejeição ou repúdio ao governo estadual, o Ricardo I cravou 30% (10% de ruim + 20% de péssimo), enquanto o Agra 12 ficou com 21% (10% de ruim + 11% de péssimo).

Se isso fosse futebol e essa pontuação transformada em gols, na diferença entre aprovação e desaprovação o Ricardo I ficaria com saldo positivo de 10 tentos e o Agra 12, com 13.

Outra vantagem, digamos, do Agra 12, são os 39% dos entrevistados que consideram regular o governo da Capital, enquanto 27% têm o governo do Estado no conceito de mais ou menos.

 

Desaprovando o ‘regular’

Toda vez que sai pesquisa de avaliação de governo o meu amigo Gosto Ruim insiste que os institutos de opinião deveriam abolir o ‘regular’.

– Rubão, governo você aprova ou desaprova. Não tem essa história de meia bomba, meia boca, que não fede nem cheira – defende Gosto.

– Mas é assim mesmo Gosto. Tem gente sem opinião formada, ainda, tem gente que acha mesmo esse ou aquele governo na média, no meio, nem ruim nem bom, e os institutos não podem desconhecer esse público nem eliminar as respostas que refletem esse conceito – retruco.

Bem, de qualquer forma e sorte, do jeito que as coisas estão e vão é bem capaz dos ricardistas e agristas comemorarem o que o Ipespe apurou como aprovação e reprovaçãodesaprovação da maneira de administrar dos dois gestores.

Nesse caso, é bom deixar claro que essa é a avaliação do governante (sobre quem se pergunta ao entrevistado se aprova ou desaprova) e não do governo (sobre o qual se pergunta ao entrevistado se ele acha ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo).
Vamos ver como ficou.


A maneira de administrar

Pegando as respostas dos entrevistados à pergunta “aprova ou desaprova a maneira” como o prefeito vem administrando João Pessoa e o governador a Paraíba, temos mais uma vez ligeira ‘vantagem’ de Ricardo sobre Luciano.

Contrariando novamente a minha percepção (ou intuição), o Ipespe levantou que 52% aprovam e 41% desaprovam a forma como o governador vem administrando o Estado. Já em relação ao prefeito, 51% aprovam a forma como ele vem administrando a cidade, enquanto 36% desaprovam.

Mais uma vez: se cabível a analogia com um dos principais critérios de posicionamento dos times de futebol na tabela de determinado campeonato, Ricardo teria um saldo positivo de 11 gols e Agra, de 15.

Mas essa é uma variável, vertente ou ângulo que os institutos de pesquisas não consideram. Assim, estatisticamente não teria o menor valor. Relevem, apaguem ou esqueçam, portanto.

Outra coisa: independentemente de ricardistas e agristas festejarem ou não esse resultado em particular, Gosto Ruim já adianta sua análise. “Eles não passaram por média, Rubão, tiraram apenas o suficiente para não serem reprovados”, avalia.

 

Os maiores problemas

Agora, acredito que se uma coisa bateu com as expectativas gerais nessa primeira pesquisa Ipespe foi a ‘eleição’ dos maiores problemas de João Pessoa, neste momento.

Saúde, segurança pública e educação, nessa ordem, foram os três problemas mais citados pelos cidadãos e cidadãs entrevistados pelo Instituto. E, realmente, é onde o Ricardo I e o Agra 12 apresentam-se mais deficientes.

Esses resultados mostram também que não vem surtindo efeito o dinheiro muito investido pelos dois em propaganda e publicidade para reverter a imagem negativa que os governados têm da performance de ambos nessas áreas.

Lembrando que saúde, segurança e educação são, justamente, os serviços mais essenciais que o poder público deve prestar, conclui-se que o prejuízo para povo é duplo. Afinal, a fortuna paga à Cruz e assemelhados também não está dando resultado.