Superlotação prejudica pacientes no Trauminha

Sobrecarga no Complexo Hospitalar de Mangabeira Governador Tarcísio Burity (Trauminha), em João Pessoa, obriga pacientes a passarem dias em macas nos corredores do hospital esperando por procedimentos. A superlotação tem motivado reclamações dos médicos ao Conselho Regional de Medicina (CRM) e uma ação civil pública no Ministério Público (MP) em representação aos familiares que aguardam pelas cirurgias dos parentes.

Segundo dados do Trauminha, os atendimentos na unidade cresceram 46,39% no comparativo entre o primeiro trimestre de 2012 (1.420) e o mesmo período do ano passado (970). Quanto ao número de internações, de outubro de 2011 a março deste ano, o aumento foi de 14,29%, saindo de 203 para 232.

De acordo com Adriana Lobão, diretora Técnica do Hospital, o Trauminha dispõe de 150 leitos que estão 100% ocupados. “Em virtude da sobrecarga, estamos tendo que encaminhar os pacientes para o Hospital Santa Isabel”, afirma. Adriana acrescenta que a transferência é uma necessidade para que o usuário fique bem atendido.

Genilson Pereira, de 22 anos, sentiu na pele, ao longo da última semana, a situação em que se encontram os pacientes do Ortotrauma. Na última quinta-feira, dia 3, o rapaz caiu de um cavalo e teve fratura exposta em um dos braços. “Moramos no Valentina, então viemos para o Ortotrauma. Ele ficou por seis dias em uma maca no corredor”, afirmou o pai, Dilson Pereira.

“Eles enfaixaram meu braço e me deixaram jogado lá no corredor. Não consegui ir para a enfermaria. A cirurgia deveria ter acontecido no sábado, dia 5, mas não aconteceu. Foi realmente difícil”, comentou Genilson.

Dilson lamentou as circunstâncias nas quais o filho ficou no hospital. “Ele não pôde ter acompanhante e eu não conseguia entrar para vê-lo com facilidade”. Depois de seis dias no Ortotrauma esperando por cirurgia, o rapaz foi transferido para o Hospital Santa Isabel e fez a cirurgia ontem.

Para o chefe do Departamento de Fiscalização do CRM, situações como a de Genilson são desumanas e a população deve agir. “O CRM pode fiscalizar as denúncias, mas são as ações no MP que podem realmente dar resultado. O hospital não pode rejeitar o paciente. É preferível ficar numa maca a não ser atendido. Mas ficar num corredor por dias é realmente difícil”. Ele afirma que não são apenas os pacientes que reclamam. “Temos recebido reclamações dos médicos, que não estão conseguindo dar conta da demanda”, disse.

Tatiana Coelho, diretora geral do Ortotrauma, afirma que a unidade tem limitações no atendimento de certos casos. “Nossa limitação é com politraumatizados, que não entram no perfil do hospital. Nós somos da Rede Municipal, mas recebemos vários pacientes tanto de cidades do interior como de cidades de Pernambuco, por isso temos uma sobrecarga”, explicou.

Do Blog com JP Online