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'Sou ministro da Saúde, não sou fiscal', diz Queiroga sobre vazamento de dados de médicos

A deputada bolsonarista admitiu que os documentos foram compartilhados pela pasta da Saúde. Ela informou que os dados foram repassados “sem restrições” e que enviou a um grupo de WhatsApp. Porém, ela negou ser responsável pelo vazamento.

Foto: Ministro Marcelo Queiroga

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta sexta-feira que a pasta não tem responsabilidade em relação aos dados pessoais de três médicos que defendem a vacinação de crianças contra a Covid vazados pela deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF).  O  blog de Malu Gaspar revelou que os documentos estavam em poder do ministério e foram para grupos que alimentam correntes contra a imunização.

—  Sou ministro da Saúde, não sou fiscal de dados do ministério  — afirmou Queiroga.

O ministro afirmou que o vazamento não é um problema do ministério, já que a audiência pública sobre vacinação infantil foi realizada na sede da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em Brasília. Ele destacou também que o esclarecimento deve ser dado pela deputada.

—  Quem divulgou? A deputada Bia Kicis, você tem que questionar ela. Aliás, os conflitos de interesse de qualquer um que participa de discussões relativas a políticas públicas eles têm que ser declarados e eles têm que ser publicizados, que é para as pessoas saberem – disse o ministro.

Grupos ligados ao movimento antivacina divulgaram, na internet, documentos com informações como CPF, e-mail e telefone dos pediatras Isabella Ballalai e Renato Kfouri, da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), e Marco Aurélio Sáfadi, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Os médicos cobraram providências do governo.

A deputada bolsonarista admitiu que os documentos foram compartilhados pela pasta da Saúde. Ela informou que os dados foram repassados “sem restrições” e que enviou a um grupo de WhatsApp. Porém, ela negou ser responsável pelo vazamento.

O ministério desistiu de exigir receita médica ao liberar a vacinação para o público de 5 a 11 anos na última quarta-feira. Integrantes da Câmara Técnica Assessora de Imunização Covid-19 (CTAI)  têm sido alvos de xingamentos e intimidações após a liberação da vacinação para crianças.

Ação criminosa

Em nota, a Associação Médica Brasileira (AMB) repudiou o vazamento de dados e classificou a divulgação de informações pessoais como uma “ação criminosa, por agentes públicos”. A associação informou que tomará as medidas possíveis para responsabilizar os detratores dos médicos, inclusive do ponto de vista legal.

“Lamentável e condenável, a iniciativa configura ataque à liberdade de pensamento e de expressão, tentativa de intimidação, além de método de incitar ameaças por parte das forças negacionistas a médicos comprometidos exclusivamente com a Ciência e a boa assistência aos brasileiros”, diz a nota.

A AMB ressalta  também que “não se calará em momento qualquer diante de ataques à boa Medicina, à assistência digna aos cidadãos, aos médicos que exercem sua autonomia pautados em sólidas evidências científicas”.

Fonte: Globo
Créditos: Globo