Rubens Nóbrega

Quero muito disputar o Governo do Estado ano que vem, mas, para tanto, faltam-me algumas coisas e sobram outras. Comecemos pelas carências. Não tenho partido nem votos. Digo-lhes com toda sinceridade, todavia, que é mais fácil arranjar voto do que um partido para chamar de meu.

Porque voto vem de eleitor e acredito piamente que ainda há muito eleitor na Paraíba capaz de se convencer diante de propostas e compromissos. Já em relação aos partidos… Os que existem ou têm candidatos ou donos ou estão em oferta. E aqueles que tentam existir (MD, Rede etc.) parecem mais do mesmo.

Postas as insuficiências, passemos às farturas. Admito, logo de cara, a possibilidade de algum leitor deste artigo concluir que pretensão é a mercadoria de maior abundância no meu estoque. Mas, como já escrevi antes, nesse particular sigo a máxima do filósofo Duda Carvalho: pretensão, canja de galinha e água benta não fazem mal a ninguém. Daí…

Bem, sincera e imodestamente, os meus grandes excedentes são na verdade boas ideias (ancoradas nas melhores intenções) que dariam todo o sentido do mundo a uma candidatura realmente diferenciada. Listo algumas adiante. São fundamentos de uma plataforma que, tenho certeza, proporcionaria ao Estado condições mais objetivas para um sustentado progresso humano e material de sua gente.


Tudo parte do princípio de que o essencial de toda a ação de governo, qualquer governo, é prover educação, saúde e segurança pública de qualidade – nessa ordem – a todos os governados. No meu mandato a prioridade absoluta seria a educação, onde concentraria todos os esforços e energias de governo e mobilizaria todos os recursos de Estado para fazer da Paraíba um exemplo para o Brasil e o mundo.

Com educação pública de nível, formaremos um povo educado, saudável e seguro. Porque educação tanto ensina a ter saúde quanto habilita para o trabalho bem remunerado e estável. E estando o povo com saúde, segurança e emprego, a gente pode até mudar o verso de Zé Ramalho em ‘Vida de gado’. Doravante, em vez de ‘povo marcado, povo feliz!’, cantaremos que somos um ‘povo educado, povo feliz!”.

Sendo um povo saudável, seguro, empregado e naturalmente feliz, reduziremos sobremaneira as chances de desvio dos nossos adolescentes, jovens e adultos para as drogas e a criminalidade, abaixando de verdade nossos elevados índices de violência. Garanto como tudo isso é possível, como veremos a seguir.

O magistério igual à magistratura

Estabelecida a primazia e os propósitos que dela se evidenciam, veja agora o que este candidato, se eleito, faria para realizar o que todo mundo que chega ao poder promete em campanha e jamais cumpre.

• Professor com dedicação exclusiva, dotado da mais elevada qualificação acadêmica e profissional fixada em plano de carreira, terá o salário reajustado gradativamente até alcançar o teto da remuneração no serviço público estadual.

• Ao final do período de governo, um professor com pós-doutorado trabalhando em regime de tempo integral no ensino básico receberá igual a um desembargador do Tribunal de Justiça ou procurador do Ministério Público Estadual.

• O Estado promoverá a melhoria contínua das condições de ensino-aprendizagem na sua rede escolar e ofertará todos os meios para um professor ascender na carreira através de programas de pós-graduação bem conceituados junto ao Mec.

• Professor que ensinar em escola do interior vai receber mais, mais ainda quanto menor for a cidade onde estiver lotado, através de um adicional de incentivo à permanência com valor definido segundo desempenho medido por criteriosa avaliação.

• Retide na escola estadual não significa que o professor “vá se matar de dar aulas”. Distribuição da jornada e avaliação serão discutidos e implementados mediante negociação entre governo e representação do magistério.
Onde arranjar dinheiro para tanto

A verba do Fundeb terá aplicação regulada e fiscalizada por conselho paritário (formado por gestores e educadores), somada a recursos dos royalties do pré-sal e a um crescente investimento das receitas próprias do Estado em educação. Para tanto…

• Vou encerrar a residência oficial na Granja Santana. O paradisíaco e milionário desfrute da primeira-família, bancado com dinheiro público, dará lugar a um campus da UEPB dedicado exclusivamente à pós-graduação do magistério estadual, com todos os cursos focados na alta qualificação para a docência.

• Vou exterminar a Asponelândia; acabar com carros alugados, celulares e banquetes pagos pelo contribuinte para governador, vice, secretários e babões; limitar os cargos comissionados a quatro nos órgãos de primeiro escalão (e todos serão ocupados por pessoal técnico efetivo); profissionalizar a gestão das indiretas e criar e desenvolver o Programa Corrupção Zero nas Compras e Contratos do Estado.

Tais medidas economizarão no mínimo 20% no custeio da máquina do Estado (o que corresponderia a R$ 250 milhões por ano, hoje). Essa grana seria toda ela investida na educação. Que é o início, o fim e o meio para o bem-estar e felicidade de um povo. Onde fizeram assim deu certo. Por que não fazer aqui, também? Sei que é muito difícil, mas me arranjem um partido de vergonha que assuma verdadeiramente esse projeto e garanto como farei acontecer tudo aquilo que proponho e defendo.