A Copa está próxima
Tostão (O Tempo)
Semana passada, recusei um convite para ser um dos embaixadores de Belo Horizonte na Copa, ao lado de jogadores do presente e do passado. Recusei porque, como colunista, preciso ser totalmente isento e independente. Pela mesma razão, não participo de muitos outros eventos esportivos. Repito, não me vejo como um ex-atleta que se tornou colunista esportivo, e sim um colunista esportivo que foi atleta. Muitos não entendem.
Além do mais, já imaginou participar dessas solenidades formais da Fifa e de outros eventos, com um sorriso servil a la Bebeto, dizendo que está tudo emocionante e maravilhoso. Quero distância também da “Fifa Club”.
Na sexta-feira, vi várias partidas pelas Eliminatórias. Se acontecem surpresas em torneios mata-mata de todo o mundo, como na Copa do Brasil, por que nunca uma seleção média ou pequena ganhou uma Copa do Mundo? A explicação de que as seleções jogam com muita seriedade é clara, verdadeira, mas não convence como única razão. Um dia, a zebra vai acontecer.
VEMOS O QUE QUEREMOS VER
Com frequência, um jogador, por inúmeros motivos, piora ou melhora muito durante sua carreira. Se um atleta mediano atua em uma equipe que quase só ganha, costuma ter ótimas atuações e ser muito elogiado. Outras vezes, ocorre o contrário. Por isso, não devemos ser apressados na avaliação dos atletas.
Algumas vezes, muda mais nosso olhar sobre o jogador do que sobre suas atuações. Vemos o que queremos ver, de acordo com nossos conhecimentos, sentimentos e pelo momento. Existe, no futebol e em toda atividade, ondas de elogios e de críticas, evidentemente, baseadas em fatos, objetivos ou subjetivos, corretos ou incorretos. Muitos demoram também a perceber o óbvio.
Meses atrás, questionei, por estar em dúvida, se as atuações de Ganso, no São Paulo, muito criticadas, não estariam próximas das que ele tinha no Santos, no início de sua carreira, quando era muito elogiado, e o time ganhava e dava show. Neste raciocínio, a boa atuação de Ganso contra o Cruzeiro, seria chamada, naquele período, de magistral, genial. Enxergamos o jogo muito de acordo com nossa expectativa. A de Ganso se tornou maior que seu indiscutível talento.
Ganso só vai brilhar intensamente, com regularidade, no São Paulo, e ser chamado novamente de craque, se o time se tornar uma grande equipe e ganhar títulos. Não é Ganso que vai fazer do São Paulo uma equipe de alto nível. É o bom conjunto e a qualidade do elenco é que vão dar a ele as condições para se destacar. Não existe craque em time mediano.
Continuo em dúvida se Ganso tinha ou tem condições de se tornar um craque ou se ele é apenas um ótimo jogador, que foi excessivamente endeusado.