Só não pode faltar leite!

Rubens Nóbrega

Sorte do Ricardus I ter alguém como Ramalho Leite na presidência da Fundação de Ação Comunitária (Fac) no momento em que a entidade é vasculhada pela Polícia Federal e órgãos de controle e fiscalização do porte e importância de uma CGU.

Digo sorte porque, em primeiríssimo lugar, não é fácil, atualmente, contar com pessoa de bem e competente, além de tudo, para tomar conta de algo como a Fac, que vai criando tradição ou estigma de complicar a vida e o mandato de governadores.

Ramalho, além de sempre mostrar eficiência no cumprimento das missões que governadores lhe atribuem, desde a posse ainda recente vem tentando criar mecanismos próprios de controle de produtos e programas a cargo da Fac.

Dou-lhes um depoimento: semana passada – bem antes da Operação Almateia, portanto – ouvi de amigos comuns que Ramalho estava tremendamente preocupado em agilizar providências para ter segurança do que a Fac estava recebendo e pagando.

Referia-se particularmente à dificuldade de acompanhar, testar e certificar, por exemplo, a qualidade de todo o leite distribuído pela Fundação a milhares de famílias carentes nos mais diversos pontos do território paraibano.

A Fac não tem, obviamente, pessoal suficiente para fazer esse trabalho. E, onde tem, nem todos estão preparados, treinados ou qualificados para o serviço nos conformes de sanidade, validade e integridade da distribuição do leite.

Dito isso, só espero que o governo não cometa a insanidade de suspender a entrega do leite, que deve continuar e pode se otimizar mediante fiscalização diária de comitês locais formados, preferencialmente, por membros da comunidade organizada.
Nessa linha, o governo pode e deve firmar parcerias com prefeituras, órgãos federais (onde houver) e organizações não governamentais e sociais para não desmantelar o programa e cortar o benefício.

O que não pode é deixar faltar leite, principalmente em situações como a de agora, quando a seca fragiliza ainda mais a vida e o sustento dos mais vulneráveis que sobrevivem, Deus sabe como, nos torrões e grotões do nosso sofrido interior.

Além de queda…

Bem que o Professor Antônio Carlos avisou: com sua defesa agropecuária enfraquecida, graças, sobretudo, a uma vacinação ineficiente e insuficiente contra aftosa, a Paraíba não poderá transitar nem vender animais para outros estados.

A impossibilidade prejudica tremendamente a nossa combalida economia em razão da seca prolongada. Com isso, além de não ter a quem nem como vender seus animais, o criador paraibano também não pode levá-los para alimentar onde existir pasto e ração na quantidade e qualidade necessárias.

Esse Potinho…

Depois de meses sem manter contato, Potinho de Veneno reapareceu ontem no meu celular. Mandou-me torpedo com o seguinte comentário:

– Camarada, se a Polícia Federal mobiliza dezenas de homens e viaturas para fazer – como diria Luciano Agra – ‘visitas de rotina’ à Prefeitura da Capital e repartições do Estado, como será, então, quando for prender alguém? Vai chegar, no mínimo, pilotando tanque de guerra.

Imagine se usasse!

“Não faz parte de minha história usar a máquina pública (em campanha eleitoral)”, disse, mui recentemente, o governador Ricardo Coutinho. Diante de palavras tão enfáticas e bonitas, é o caso de perguntar:

– E o que foi aquela reunião de comissionados da Saúde convocada pelo secretário Valdson Souza para apresentar a candidata do governo à Prefeitura da Capital, convocação essa que no Hemocentro, por exemplo, foi feita por escrito, em papel timbrado do órgão, com o aviso de que a presença seria obrigatória?

– E o que foi aquela presença do governador na festa de aniversário da candidata Estelizabel Bezerra, à qual Sua Majestade compareceu usando motorista, segurança, carro e gasolina pagos com dinheiro público?

Tem mais, muito mais. Mas, ainda bem, usar a máquina pública em campanha não faz parte da história do soberano. Imaginem se fizesse!

No lugar certo

Dá até pena ver aquela Lamborghini largada no pátio do Detran, na Capital. Uma jóia daquelas deveria ser guardada na Granja Santana.

Pelo valor do carrão ou por obséquio da pretensa amizade entre o suposto dono e o atual morador da residência oficial.

Impressionantes!

Os sinais exteriores de enriquecimento de algumas figurinhas carimbadas que servem a determinados governos.