Só Lula pode complicar projeto de Campos

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Nonato Guedes

Em meio à repercussão da matéria divulgada, ontem, com exclusividade, pelo “RepórterPB”, sobre os movimentos do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) para oficializar a candidatura a presidente da República em 2014, as fontes qualificadas com acesso ao Palácio do Campo das Princesas, sede do executivo do Estado vizinho, avançaram mais um detalhe: somente uma eventual candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em vez de Dilma Rousseff, poderia complicar o projeto do gestor socialista, neto de Miguel Arraes. Essas fontes ressaltam que entre Eduardo e Lula há relações profundas de amizade que não se reproduzem no contexto do vínculo de Eduardo com Dilma Rousseff. Até aqui, entretanto, Lula tem reiterado que Dilma deve ser candidata à reeleição, ao mesmo tempo em que expoentes do PT nacional sugerem que o ex-presidente concorra ao governo de São Paulo, num embate contra um representante tucano, a ser definido mais na frente, já que José Serra, conforme foi noticiado, está a um passo de ingressar no PPS.

Lula não corteja, intimamente, a hipótese de disputar o governo paulista, e a sua anunciada intenção de retomar uma Caravana pelo país pode reforçar as especulações de que ele cogita ser uma alternativa do PT ao Planalto, caso Dilma não consiga aglutinar forças suficientes para garantir a sua reeleição. Ainda assim, na prospecção dos informantes do “RepórterPB”, o ex-presidente estaria recebendo estímulos dentro do PT para tentar retornar ao Planalto, diante do prestígio que possui no Nordeste e que poderia contrabalançar uma eventual candidatura de Eduardo Campos. Dilma, nas avaliações que são processadas, não teria capilaridade suficiente para enfrentar um candidato como Campos no reduto nordestino, até porque sofre críticas de desinteresse em relação a projetos importantes para a região, como o da transposição das águas do rio São Francisco e não montou uma base de apoio junto a governadores que serão candidatos à reeleição por legendas que teoricamente integram a base de sustentação do governo federal no Congresso Nacional.

O jornal “Diário de Pernambuco” divulga que, em público, ninguém ouviu Eduardo Campos declarar que será candidato a presidente da República em 2014, mas observa que as palavras ditas pelo líder socialista apontam para um projeto nacional que muitos acreditam ser irreversível. Nos últimos meses, informa o DP, ele endureceu o tom das críticas contra o desaquecimento da economia. Não cita o nome da presidente Dilma Rousseff, mas tem se referido diretamente aos anos de 2011 e 10212, período em que o comando do país passou para as mãos da petista. Para desvendar as entrelinhas dos discursos mais recentes do governador, o “Diário” ouviu especialistas na área de lingüística das universidades federais de Pernambuco e da Paraíba. Eles analisaram depoimentos feitos em eventos administrativos, organizados pelo governo estadual, e em solenidade promovida por empresários. Momentos em que Eduardo enalteceu o modelo de gestão implantado pelo PSB em Pernambuco desde 2007 e ressaltou o desenvolvimento do Estado, apesar da crise financeira instalada no Brasil e no mundo. Os discursos foram transformados em nuvens de palavras. Estas demonstram, de forma visual, a freqüência de ocorrência de palavras no discurso do governador: quanto maior o número de vezes que a palavra foi dita, maior é a fonte usada para exibir essa palavra.

Nos eventos que reúnem pessoas diretamente beneficiadas com a ação do governo, Eduardo Campos tem massificado o discurso de que o gestor público precisa trabalhar em sintonia com as necessidades de quem mais precisa. Tem enfatizado que, na sua gestão, existe a preocupação de investir em programas que afetam diretamente o dia a dia da população. Segundo ele, um trabalho feito com empenho para driblar a crise instalada no Brasil e no mundo. Eduardo procura passar também a mensagem de que as mudanças acontecem a partir de uma nova visão do desenvolvimento. Costuma destacar o modelo de gestão implantado em Pernambuco, baseado na definição de estratégias e no cumprimento de metas. Segundo o governador, os resultados apareceram e são fruto do planejamento e do engajamento da equipe com os objetivos que o governo pretende alcançar junto à população. Ao falar para os servidores e auxiliares mais próximos, afirma sempre que para ganhar o ano seguinte é preciso consolidar o ano anterior. Nas últimas declarações, Eduardo tem repetido que para ganhar 2014 é preciso ganhar 2013.

Quando o público envolve o setor do empreendedorismo, o governador concentra suas palavras no desenvolvimento, nos caminhos que o Brasil ainda precisa percorrer para acabar com as desigualdades em todas as regiões do país, principalmente no Nordeste. Reconhece os méritos dos projetos implementados, nas últimas décadas, que na sua avaliação ajudaram a criar oportunidades para os mais necessitados. Mas tem sido enfático quando ressalta o desaquecimento da economia nos últimos dois anos. Deixa evidente que o Estado tem investido em políticas públicas que estão ajudando a melhorar a qualidade de vida das pessoas. Em suma, está na pose de quem é candidato. A presidente da República.