Shopping: RS contesta prejuízo

Rubens Nóbrega

O empresário Roberto Santiago manteve contato ontem com o colunista para dizer que estão completamente equivocados os cálculos, valores e conclusões a que chegou o autor de estudo divulgado ontem, aqui, sobre a famosa ‘permuta’ do terreno da Acadepol (onde ele constrói o Mangabeira Shopping) com o do Geisel (onde está sendo construída uma nova Central de Polícia da Capital).
Repetindo que não estava “querendo polemizar”, o dono do Manaíra Shopping contraditou particularmente a receita que a fonte da coluna estimou para o novo empreendimento, algo em torno de R$ 10,2 milhões por mês. Tal faturamento viria do aluguel de lojas comerciais e de serviços, “sem considerar outras receitas, como, por exemplo, a de estacionamento e casa de show”.
“É muito menos que isso”, garante Roberto Santiago, sem dizer quanto exatamente, mesmo à guisa de estimativa. Ele também não quis – apesar de lhe ter sido oferecido – todo este espaço para enfrentar, ponto por ponto, os números apresentados pelo engenheiro que abasteceu a coluna com a informação de que o negócio entre o empresário e o governador Ricardo Coutinho deve causar prejuízo da ordem de R$ 214 milhões aos cofres públicos.
Além de negar enfaticamente qualquer prejuízo para o Estado, o empresário disse que o valor levantado pelo técnico para mensurar a suposta lesão ao erário é absurdo, principalmente quando comparado àquele indicado no laudo de avaliação dos terrenos formulado pela Caixa Econômica Federal, instituição que seria a última palavra na matéria, inclusive por ser a mais referenciada e respeitada no mercado por quem é do ramo. A Caixa avaliou o terreno da Acadepol em R$ 21 milhões. A fonte do colunista diz que vale R$ 113.906.250,00.
Diferença tamanha decorre dos métodos de avaliação. De acordo com o especialista, a Caixa, a Suplan e até o próprio Conselho de Corretores de Imóveis da Paraíba (Creci-PB), avaliaram equivocadamente o terreno da Acadepol porque se basearam em um banco de dados comparativos. Defende que o correto é o método que considere o potencial gerador de renda do imóvel, considerando que se trata de uma área de aproveitamento imobiliário altamente rentável.
Capaz de mão de tinta virar obra

Temendo levar uma surra nas urnas de outubro próximo e talvez para compensar o fato de não ter ainda uma obra impactante pra chamar de sua, verdadeiramente sua, o Ricardus I submete o exercício do maior cargo do Estado à ridicularia de eventos rotineiros de governo transformados em solenidades pomposas e onerosas.
Está valendo tudo nessa campanha. Vira festa das grandes, por exemplo, com direito a convite do Cerimonial do Palácio da Redenção, atos como assinaturas de ordem de serviço para retomar obras pequenas que o próprio governo descontinuou, paralisou ou simplesmente não teve competência para concluir.
Para vocês terem uma ideia, semana passada um amigo me repassou mensagem na qual Sua Majestade, sem a menor cerimônia (alguns diriam “sem o menor pudor”), convidava para a cerimônia de assinatura da ordem de serviço “para reinício das obras de conclusão da Unidade Mista de Saúde de Cacimba de Dentro”, marcada para 15h do dia 2 deste mês.
Desse gênero, nessa linha, o meu amigo não recebeu apenas um convite. Remeteu-me outro do governo que chamava para a “Solenidade de Autorização para Abertura de Processo Licitatório da Rodovia Anel do Cariri”, programada para três da tarde do último dia 3, na Praça Nilo Feitosa, centro de Monteiro.
Estratégia já é motivo de gozação

Com essa estratégia de propaganda, associada à busca alucinada por situações que lhe resgatem um pouco de credibilidade e prestígio popular, o absoluto começa a ser motivo de gozação em círculos mais politizados, onde alguns sugerem, sem esconder o riso, que aguardemos a festança de lançamento do edital da obra ou daquilo que antigamente chamavam de ‘pedra fundamental’.
Por conta das inaugurações de pedaços de obras e convites para assinatura de ordem de serviço e outras efemérides igualmente risíveis que o Governo do Estado vem patrocinando na presente campanha eleitoral, esta semana Potinho de Veneno aconselhou Gosto Ruim, que andou fazendo implante de cabelo na calva, a não passar por enquanto pela calçada do Palácio da Redenção.
“Se Ricardo Coutinho sonhar que tu estás de cabeleira nova, ele te inaugura na primeira oportunidade”, disse Potinho a Gosto, que ficou com aquela cara de quem não sabe se dá um murro na cara do gozador ou se manda ele…
Um artigo de leitura imperdível

‘Um Governo contagiado pela Síndrome de Estocolmo’, de Marinho Mendes, Promotor de Justiça, é escrito fantástico merecedor de leitura atenta, demoradas discussões e reflexões por todos aqueles que não veem a hora de terminar essa quadra angustiante da nossa história. Deve estar disponível a partir de hoje no saite do Conselho Estadual de Direitos Humanos (CEDH), no endereço ceddhc.pb.gov.br.