Sheherazade: 'Cunha amarrado à cadeira de presidente da Câmara era tão inocente...'

Jornalista transformou-se num ídolo da extrema direita no país

rachel cunhaLeonardo Mendes, nosso colaborador, lembrou num belo artigo o silêncio de Sheherazade a respeito de Eduardo Cunha.

“Pareceu-me um tanto assombroso que alguém que se diga jornalista consiga ignorar completamente o assunto mais comentado das últimas semanas”, escreveu Leonardo.

A última vez em que Sheherazade se manifestou a favor de seu candidato se deu em 16 de outubro, na Jovem Pan. “Verdade seja dita: Eduardo Cunha não é réu até que o inquérito se torne processo judicial, não é culpado, até que a Justiça diga o contrário”, falou. “Por enquanto, o presidente da Câmara não passa de um investigado”.

O apelo à razão contrasta com sua clássica intervenção para livrar a cara dos justiceiros que amarraram um adolescente num poste no Rio. O rapaz foi julgado e condenado sumariamente por ela: era “mais sujo que pau de galinheiro”.

O Brasil ainda quer ouvir o que Rachel Sheherazade tem a dizer sobre o irmão Cunha. Uma vítima dos petralhas? Um guerreiro do povo brasileiro? Um mal necessário? Um corrupto, quem sabe?

Agora: e se ela admitisse sua desonestidade intelectual e fizesse um mea culpa? E se acreditasse que todos são iguais perante a lei, inclusive o Cunha?

Para ajudá-la nessa reflexão, passo adiante uma releitura de sua inesquecível coluna sobre o rapaz linchado no Rio de Janeiro. “Adote um Bandido” é sua obra prima, a diatribe fascista que a transformou num ídolo da extrema direita no país.

Ela está autorizada a utilizá-la quando desejar:

O Eduardo Cunha amarrado à cadeira de presidente da Câmara era tão inocente que em vez de prestar queixa contra seus agressores, preferiu fugir, antes que ele mesmo acabasse preso.

É que a ficha do sujeito – ladrão conhecido na Suíça – está mais suja do que pau de galinheiro.

Num país que ostenta incríveis 26 assassinatos a cada 100 mil habitantes, arquiva mais de 80% de inquéritos de homicídio e sofre de violência endêmica, a atitude dos “vingadores” é até compreensível.

O Estado é omisso. A polícia, desmoralizada. A Justiça é falha. O que resta ao cidadão de bem, que, ainda por cima, foi desarmado?

Se defender, claro!

O contra-ataque aos bandidos é o que eu chamo de legítima defesa coletiva de uma sociedade sem Estado contra um estado de violência sem limite.

E aos membros da oposição, que se apiedaram do Cunha, lanço uma campanha:

“Façam um favor ao Brasil. Adote um bandido!”

 

Diário do Centro do Mundo