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Servidores coletam nomes para partido de Kassab

Funcionários comissionados da Prefeitura de São Paulo estão recolhendo assinaturas de eleitores para a criação do novo partido do prefeito Gilberto Kassab, o Partido Social Democrático (PSD). Uma mensagem de e-mail em que uma assessora de uma subprefeitura afirma ter recebido uma “missão” do prefeito para arrecadar “o maior número de pessoas”.

A mensagem foi enviada a amigos pela assessora no último domingo, dia 12. “Meu chefe mor (Kassab) passou uma missão para nós, pobres mortais dependentes dos cargos comissionados… Preciso arrecadar o maior número de pessoas”, afirma o texto, encaminhado de um e-mail pessoal. “Explico o motivo: O Kassab fundou um partido novo… O PSD – Partido Social Democrático – e precisa do maior número de pessoas que aceitem essa nova fundação.”

A reportagem entrou em contato com a funcionária, que trabalha em uma subprefeitura da zona sul da capital paulista há cerca de um ano. “Foi uma amiga que é ligada ao subprefeito que me pediu”, disse ela. Até ontem, a funcionária havia conseguido cinco assinaturas. “Está difícil conseguir mais.”

O pedido também foi feito aos subprefeitos. “Realmente houve um pedido para recolhermos assinaturas”, afirmou um deles, da zona leste da cidade, sob condição de anonimato.

Segundo um dos advogados que trabalham na criação do partido, o responsável pelo recolhimento das assinaturas em São Paulo é Flávio Chuery, aliado de Kassab desde a década de 1990 e atual diretor da Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação de São Paulo (Prodam). Ele recebe R$ 18,5 mil por mês para ocupar o cargo comissionado na empresa que faz a gestão das informações de todos os servidores e contratos municipais.

A cúpula do PSD quer que o partido esteja devidamente registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até o começo de setembro, para que os políticos tenham pelo menos um mês para se registrar na legenda. Para disputar as próximas eleições, o prazo final para se filiar é de um ano antes do pleito, ou seja, em outubro deste ano. Antes de enviar a papelada ao TSE, o partido tem de registrar nos cartórios eleitorais 482 mil assinaturas colhidas em pelo menos nove Estados.

O secretário-geral da comissão provisória do partido, Saulo Queiróz, disse que o trabalho está perto do fim. “Já fechamos Rondônia, Roraima e Acre.” Sobre a eventual colaboração de servidores comissionados no recolhimento de assinaturas, afirmou se tratar de um processo natural. “É natural um subprefeito ou secretário pedir ajuda. É diferente de uma ordem, é uma mobilização espontânea.”