O ex-presidente da Transpetro Sergio Machado fez ofensas verbais aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) durante as conversas gravadas com integrantes da cúpula do PMDB.
De acordo com a Folha de S. Paulo, os áudios repassados à PGR (Procuradoria-Geral da República) durante seu acordo de delação premiada revelam que Machado fez críticas e xingamentos a cinco dos 11 ministros do tribunal. Os ministros xingados por Sérgio são: Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Rosa Weber, Luiz Fux e Edson Fachin.
A reportagem tentou entrar em contato com os juízes mas eles não se manifestaram e Machado também não comentou.
O ex-presidente da Transpetro atacou os ministros especialmente quando foi abordado o tema de que o entendimento fixado pelo Supremo de que a prisão de condenados deve ocorrer depois que a sentença for confirmada em um julgamento de segunda instância, ou seja, antes de se esgotarem todos os recursos possíveis da defesa.
Os procuradores da Lava Jato entendem que uma das ações planejadas pelos peemedebistas para frear as investigações do esquema de corrupção seria alterar a prisão em segunda instância, uma vez que ela poderia se tornar um instrumento para pressionar por delações.
Durante conversa com o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), Machado criticou as indicações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente afastada Dilma Rousseff para o Supremo.
“Aquela reunião do Supremo […] rasgaram a Constituição no que diz respeito a transitado e julgado [não há chance de recurso]. O Gilmar que foi […] o Gilmar e o Toffoli foram os grandes, os dois filhos da p… porque se tivessem votado tinha dado seis a quatro”, afirmou.
“O presidente Lula e a presidente Dilma nomeou oito ministros do Supremo e não tem nenhum?”, completou.
Na opinião de Machado, o STF agiu a reboque do juiz Sergio Moro, que tinha defendido a medida. “Esse homem tomou conta do Brasil. Inclusive o Supremo fez porque é pedido dele. Agora, como é que o Toffoli e o Gilmar faz uma p… dessa? Se esses dois tivessem votado contra, não dava? […] Nomeia uns ministros de m…, como aquele do Rio [Fux].”
Sarney respondeu: “Todos.” Segundo os investigadores, no entanto, Sarney teria feito um elogio a Fachin ou a Luís Roberto Barroso. “M… nenhuma. Aquele do Paraná [Fachin] também”, disse Machado.
Sarney discorda. “Esse até não é ruim. Ele votou errado.”
De acordo com as gravações, Machado também afirmou que a mídia está “parcial” no caso. Na conversa com o senador Romero Jucá (PMDB-RR), ele atacou o tema da prisão na segunda instância. “A Constituição é clara, só pode ser […] depois de transitado em julgado, julgado em última instância. Quem sacaneou ali foi o Toffoli e o Gilmar.”
Além disso, Sérgio criticou o fato de Rosa Weber não ter atendido a um pedido da defesa de Lula para que investigações não ficassem sob cuidados de Sergio Moro.
“Como é que a Dilma nomeia oito ministros e não controla p… nenhuma. Aquela p… daquela mulher, aquela b… do trabalhista não deu o negócio para o Lula”, disse.
Machado também concordou que o Ministério Público Federal estaria “desesperado” para oferecer denúncia na Operação Lava Jato e, em um dos áudios, o ex-presidente da Transpetro chega a chamar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de “tarado”.
Créditos: Folha de S. Paulo