"Seo" Cabral Vinha Navegando...

Bruno Filho

Há 6 anos atrás a Viação Aérea Rio Grande encerrava as atividades e fechava uma linda página da história da aviação brasileira,ela que povoou a imaginação de muita gente,inclusive a minha.Através dela tive a oportunidade de fazer a primeira viagem da minha vida numa de suas aeronaves, a querida Varig.

Foi num velho Electra, turbo-hélice, que tinha como rota a famosa ponte-aérea Rio-São Paulo.Aos 13 anos de idade fui para o Rio de Janeiro assistir um jogo entre Flamengo e Corinthians, acompanhando meu pai.O Corinthians venceu por 3 x 1 e eu voltei feliz da vida,com uma almofadinha de lembrança.

A Varig realizou os principais voôs da história do Brasil.Sempre que alguém importante chegava por aqui era através dela,uma delegação de qualquer esporte vencedor, personalidades,homens de estado,artistas,enfim todos voaram com a empresa riograndense.

Como a maioria das coisas no Brasil,acabou sem explicação.Até hoje os motivos não foram bem elucidados.Custo operacional,dívidas trabalhistas entre outros foram dados como explicação.Com tanto dinheiro gasto com infortúnios,o governo fez o possivel na época ,mas não conseguiu salvá-la.

Mas vou falar de coisas ligadas à publicidade assunto que me interessa demais e justificar o título da coluna.As campanhas publicitárias sempre foram alegres e chamavam a atenção.Musicas que nunca mais me esqueci,os famosos “gingles” comerciais.

Como fazia a rota Rio-Lisboa criou uma propaganda usando o descobridor do Brasil Pedro Alvares Cabral.Na propaganda ele vinha cantarolando no navio e de repente encontra o Brasil. Por saudade quer voltar correndo para Portugal e opta por fazê-lo através da Varig.

Na rota para Tókio, também foi a precursora.E criou um “mershandising” para isso, veio com uma musiquinha e um japonesinho simpático chamado Urashima Taru, um pobre pescador.Outra vêz.Veio conhecer o Brasil, teve saudade e também quis voltar rápido,solução voltar pela Varig.

Então sao essas recordações boas que tenho.Todavia, uma é muito triste.O ano de 1973 e o terrivel acidente de Orly,quando um Boeing da companhia incendiou-se e 123 pessoas morreram, entre elas muitos brasileiros,como o cantor Agostinho dos Santos e o político e presidente do Senado Filinto Muller.

Foi uma comoção nacional, pois para nós, jovens da época, a Varig era invencível,indestrutível e naquele dia vimos que poderia não ser assim.Não foi.Passado aquele terrível incidente não me lembro de nenhum outro que tenha “manchado” involuntariamente a história da empresa.

São muitas lembranças, e tudo pode ser constatado e visto pelos mais jovens que não a conheceram, através das imagens que hoje estão armazenadas nas redes e à vontade para consulta.Vão até lá e conheçam o Cabral estilizado e o simpático japones que citei.Procurem também pela história da Varig.Vale a pena.

Exemplo que tiramos de tudo o que aconteceu, é uma verdade absoluta.Nada é eterno, se não administrar bem um dia vem o castigo.Seja lá quem for,pequenas,médias e grandes empresas serão penalizadas.É triste ver isso acontecer,pois tem certas coisas que marcam a vida da gente.A Varig foi uma delas…marcou a minha.

Bruno Filho,jornalista e radialista, que é do tempo em que viajar de avião era “chique”.Varig,Varig,Varig…

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