Os crimes cometidos por Geddel Vieira Lima, de advocacia administrativa e tráfico de influência, levarão a oposição a pedir o impeachment de Michel Temer. Isso porque, em seu depoimento à Polícia Federal, o ex-ministro Marcelo Calero também o acusou de pressioná-lo para liberar uma obra ilegal: o espigão de 107 metros, que agride o patrimônio histórico de Salvador, onde Geddel tem um apartamento de R$ 2,4 milhões, que, segundo o ex-ministro Juca Ferreira, pode ter sido doado como pagamento por serviços prestados.
A informação do pedido de impeachment foi anunciada pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ). “Temer tem que sair imediatamente”, afirmou.
Leia, abaixo, nota da liderança do PT:
Pressão de Temer a favor de Geddel por obra irregular pode levar a impeachmet, diz líder do PT:
O líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), disse hoje ( 24) que a Bancada do PT na Câmara vai solicitar à Polícia Federal cópia do depoimento do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero no qual ele envolve diretamente o presidente Michel Temer em lobby para facilitar a liberação de uma obra irregular de interesse do ministro Geddel Vieira Lima ( Secretaria de Governo). Segundo o líder, o depoimento será submetido a uma análise de juristas renomados. “Identificado o crime de responsabilidade, o caminho é a abertura de um processo de impeachment de Temer. O governo Temer derrete”, disse o parlamentar.
Segundo Florence, as bancadas de oposição na Câmara e no Senado vão continuar atuando unidas para apurar o caso Geddel, “que agora ficou muito mais grave, com o envolvimento de Temer nas denúncias”. Calero, em depoimento à Polícia Federal, disse que Temer o “enquadrou” no intuito de encontrar uma “saída” para a obra de interesse de Geddel .
Trata-se do empreendimento La Vue Ladeira da Barra, embargado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Calero pediu demissão do cargo na semana passada, após acusar Geddel de “pressioná-lo” para o que o órgão de patrimônio vinculado ao Ministério da Cultura liberasse o projeto imobiliário onde o ministro adquiriu uma unidade, cujo valor é acima de 2,5 milhões de reais.
As Bancadas do PT na Câmara e no Senado , junto com outros partidos de oposição ao governo golpista, já acionaram a Procuradoria Geral da República e a Comissão de Ética da Presidência da República para a apuração das denúncias. Foram feitos também requerimentos de convocação da Geddel para depor em comissões temáticas da Câmara, mas o governo Temer mobilizou na quarta-feira uma verdadeira tropa de choque parlamentar para rejeitar os requerimentos assinados pelo deputado Jorge Solla (PT-BA).
Em trecho divulgado hoje do depoimento de Calero à PF, fica clara a participação de Temer na manobra para facilitar a liberação de uma obra ilegal em Salvador (BA).
“Que na quinta, 17, o depoente foi convocado pelo presidente Michel Temer a comparecer no Palácio do Planalto; que nesta reunião o presidente disse ao depoente que a decisão do Iphan havia criado ‘dificuldades operacionais’ em seu gabinete, posto que o ministro Geddel encontrava-se bastante irritado; que então o presidente disse ao depoente para que construísse uma saída para que o processo fosse encaminhado à AGU [Advocacia-Geral da União], porque a ministra Grace Mendonça teria uma solução”, disse Calero, segundo a transcrição do depoimento enviado ao Supremo Tribunal Federal e à Procuradoria-Geral da República.
Em seguida, o ex-ministro da Cultura afirma que Temer encarava com normalidade a pressão de Geddel, articulador político do governo e há mais de duas décadas amigo do presidente da República. “Que, no final da conversa, o presidente disse ao depoente ‘que a política tinha dessas coisas, esse tipo de pressão'”, prossegue Calero. Na sequência, o ex-ministro afirma que se sentiu “decepcionado” pelo fato de o próprio presidente da República tê-lo “enquadrado”. “Que então sua única saída foi apresentar seu pedido de demissão”, declara Marcelo Calero.
Fonte: Plantão Brasil