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Senadores articulam para pedir impeachment de Temer; um deles é paraibano

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O senador paraibano Lindbergh Farias (PT-RJ) e a senadora paranaense Gleisi Hoffmann (PT-PR) articulam-se para formalizar o pedido de impeachment do presidente da República, Michel Temer, por crime de responsabilidade. A decisão tem como fundamento a afirmação do ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, de que o presidente Michel Temer o teria pressionado no caso do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (BA), usando tráfico de influência junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional para emitir parecer técnico favorável ao projeto de um condomínio imobiliário residencial de interesse de Geddel em área nobre de Salvador, tombada pelo Iphan.

Na semana passada, numa entrevista à Folha de São Paulo, o ex-ministro Calero acusou Geddel de ter usado o cargo para pressioná-lo a revogar o parecer do Iphan que impedia a construção de um empreendimento imobiliário na Capital da Bahia. Geddel possui um apartamento no prédio. Ele admite ter conversado sobre o tema com Calero mas negou pressão. Reportagem da Folha revelou que um sobrinho e um primo do ministro representam os interesses do projeto imobiliário em processo que tramita no Iphan. O ex-ministro da Cultura compareceu voluntariamente à Polícia Federal e a documentação foi encaminhada ao Supremo Tribunal Federal, responsável por investigar o eventual cometimento de crimes por pessoas com prerrogativas de foro, conforme nota da polícia.

Lindbergh Farias, que é natural de João Pessoa, afirmou textualmente: “É bizarro que um presidente da República utilize o cargo para defender interesses de um ministro”. Gleisi Hoffmann avalia que o episódio apenas confirma o despreparo de Michel Temer para exercer a presidência da República. Na opinião da parlamentar, o presidente (que é do PMDB) e foi vice de Dilma Rousseff, que sofreu processo de impeachment, pratica a política do “compadrio” no exercício do cargo, descumprindo flagrantemente normas constitucionais. Lindbergh Farias e Gleisi Hoffmann estiveram na linha de frente, no Congresso Nacional, da contra-ofensiva para barrar o impeachment de Dilma Rousseff. Eles sustentaram o argumento de que o afastamento de Dilma configurava um “ato de golpismo”, ferindo a democracia e a Constituição. Farias, em 92, liderou um movimento nacional de estudantes universitários pelo impeachment de Fernando Collor de Melo, acusado de envolvimento com crimes de corrupção e tráfico de influência do ex-tesoureiro de sua campanha, Paulo César Cavalcanti Farias, que anos depois foi encontrado morto, misteriosamente, numa praia de Maceió. Collor sofreu o impeachment e permaneceu oito anos inabilitado para disputar mandatos políticos. Atualmente é colega de Farias, como senador por Alagoas. No reverso da medalha, por ocasião do impeachment de Dilma, Lindbergh foi ostensivamente contrário.

A proposta de impeachment de Michel Temer ocorre numa semana em que parlamentares que compõem a Câmara tentaram, com o apoio do presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) colocar em votação pela terceira vez um projeto anistiando crimes de caixa dois cometidos por políticos em eleições passadas. O juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, divulgou nota a respeito da proposta de anistia do caixa dois advertindo ser questionável por estimular o desprezo à lei e gerar desconfiança. De acordo com a nota, “preocupa, em especial, possibilidade de que, a pretexto de anistiar doações eleitorais não registradas, sejam igualmente beneficiadas condutas de corrupção de lavagem de dinheiro praticadas na forma de doações eleitorais, registradas ou não”. A Mesa da Câmara recuou da votação, mas só por enquanto.

Fonte: Os Guedes
Créditos: Nonato Guedes