Fernando Bezerra Coelho

Senado questionará no Supremo ação da PF no gabinete de líder do governo, diz Alcolumbre

Senado questionará no Supremo ação da PF no gabinete de líder do governo, diz Alcolumbre

 

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou nesta quinta-feira (19) que a Casa questionará no Supremo Tribunal Federal (STF) a operação da Polícia Federal no gabinete do líder do governo, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).
Mais cedo, nesta quinta, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão no gabinete de Fernando Bezerra e no gabinete do filho dele, o deputado Fernando Coelho Filho (DEM-PE), na Câmara.

Segundo Davi Alcolumbre, a decisão do STF de 2018 que restringiu o foro privilegiado de deputados e de senadores a crimes cometidos no exercício do mandato é o que justifica o questionamento a ser apresentado ao Supremo.
“Do ponto de vista jurídico, institucional, o Senado vai procurar o instrumento jurídico, como Mesa do Senado, para entrar no Supremo Tribunal Federal para fazer alguns questionamentos”, afirmou Alcolumbre.
“Se há o entendimento majoritário dentro do Supremo que matérias que dizem respeito a outras instâncias devem ficar nas outras instâncias, por que nesse caso concreto, se o próprio ministro que deu decisão foi o que lá atrás constituiu maioria em relação à separação do foro? Além disso, tem outros questionamentos. Uma operação de 7 anos, para entrar no gabinete do líder do governo no Senado, levaram computadores documentos do gabinete sete anos depois? Um mandado de busca e apreensão? Então, o Senado vai se posicionar enquanto instituição”, acrescentou.

Alcolumbre deu as declarações ao participar do evento “E agora, Brasil?”, em Brasília, organizado pelo jornal “O Globo” em parceria com o jornal “Valor Econômico”.
O presidente do Senado disse ainda confiar em todas as pessoas até a condenação transitada em julgado, ou seja, quando não cabem mais recursos.
“Eu acho que a reflexão de uma operação da PF com essas características, e diante de tudo que o Senado tem feito, com certeza é a diminuição do Senado Federal. E não vou deixar que isso aconteça. O Senado é uma instituição forte e respeita todas as outras”, declarou. “Vamos fazer o que precisar fazer para defender a integridade do Senado”, emendou.

Argumentos

Segundo a Polícia Federal, há suspeitas de que o senador Fernando Bezerra Coelho e o filho dele receberam juntos R$ 5,538 milhões em propinas de empreiteiras.
De acordo com o ministro Luís Roberto Barroso, relator do caso e que autorizou as buscas, a PF juntou “elementos de prova que indicaram o recebimento, ao menos entre 2012 e 2014, de vantagens indevidas pelos investigados, pagas por empreiteiras, em razão das funções públicas por eles exercidas”.
Ainda segundo Barroso, há indícios de que “ainda em 2017, o sistema de repasses de valores indevidos continuava, mesmo após a menção ao nome do Senador na ‘Operação Lava Jato'”.

Os indícios são de corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral.
Ao comentar a decisão de Barroso, Davi Alcolumbre também afirmou: “Lógico que o ministro deve ter os seus argumentos, mas a gente vai questionar enquanto instituição. É a minha decisão, a decisão da Mesa, e dos senadores, questionar enquanto instituição”.

O que diz a defesa
 
Em nota, o advogado do senador, André Callegari, afirmou causar “estranheza” a operação porque os fatos narrados “não guardam qualquer razão de contemporaneidade com o objetivo da investigação”.
“Causa estranheza à defesa do senador Fernando Bezerra Coelho que medidas cautelares sejam decretadas em razão de fatos pretéritos que não guardam qualquer razão de contemporaneidade com o objeto da investigação. A única justificativa do pedido seria em razão da atuação política e combativa do senador contra determinados interesses dos órgãos de persecução penal”, afirmou o advogado na nota.
Além disso, em uma entrevista coletiva concedida em Porto Alegre (RS) nesta quinta-feira, Callegari afirmou que Bezerra não poderia prestar depoimento agora porque não teve acesso aos autos nem sabe o que foi declarado por delatores.
“No momento que tivermos acesso aos autos, aí, sim, o senador optará por falar ou não”, disse.
O advogado declarou ainda que a operação foi “desnecessária e extemporânea”. “Por que nós [a Justiça] decretamos agora uma medida cautelar de fatos pretéritos? Só pode ser por uma espetacularização, constrangimento, criminalização da politica, mas nunca por um objeto da investigação”, completou.

Fonte: G1
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