Maurício Melo
Depois de presenciar a violência tomando conta das ruas de João Pessoa no embate entre vendedores ambulantes e agentes da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedurb) na tarde da terça-feira, luta que deixou vendedores com a cabeça sangrando e um adolescente com um pedaço da orelha arrancada, eu me vi surpreso com um comunicado feito pela assessoria do órgão que me disse, por telefone, que jamais foi considerada a possibilidade de punir os funcionários agressores.
O mais triste foi o fato como esta informação chegou até mim. A assessora, que não cabe aqui dizer seu nome porque ela fala em nome da instituição, ligou para reclamar que em uma notícia publicada por nós, o termo “afastar” podeia levar leitor a pensar que os funcionários estavam sendo punidos. O que para ela pareceu ser um absurdo.
Ela explicou que os agentes saíram feridos do embate com os ambulantes e que, por conta disso, ficariam afastados para cuidar da própria saúde. Ela garantiu ainda que os feridos foram todos fazer exame de corpo de delito no hospital e, em seguida, prestar queixa na polícia.
Mas o preocupante de todo este episódio foi a veemência com que foi dito que ninguém seria punido pela violência. Aliás, isso sequer foi cogitado pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano de João Pessoa. Pelo menos foi isso que a assessoria afirmou.
Não quero, de maneira nenhuma, dar razão às pessoas que usam do passeio público para vender produtos, serviços ou qualquer outra coisa que torne particular o que é de todos. Não é isso. Mas o ponto é que isso não justifica a violência que tem sido usada por quem diz brigar em nome da ordem.
E nem mesmo a tese de que os ambulantes tenham agido com violência ao serem rechaçados das calçadas justifica a forma de agir nem tão pouco os resultados que têm se obtido com estas ações da prefeitura. Ora, se espera um pouco mais de preparo dos funcionários que lidam com o povo. Enfim, um erro não justifica outro. E quando a brutalidade vem de alguém mais forte contra alguém mais fraco não há outra palavra para definir além de covardia.