Sem Cássio, qual o prejuízo de Ricardo?

Sérgio Botelho

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O que o governador Ricardo Coutinho perde com a defecção cassista de sua cidadela política? Qual a dimensão dessa perda? De que forma ela vai pesar no processo eleitoral que se aproxima a passos largos, como o tempo?

Estas são perguntas que se fazem, a cada hora, 10 entre 10 analistas políticos do cenário paraibano. Mas, a unanimidade acaba por aí.
As respostas obedecem normalmente ao compromisso político de cada um, segundo fica evidente.
Na visão de um ativo socialista, do bloco de Ricardo, a perda é real. Mas, não a ponto de instalar o “horror” no quartel governista. Primeiro porque, no poder, os ricardistas creem na força de cooptação a lideranças municipais, num processo capaz de, por si mesmo, suplantar a ausência de Cássio.
Acreditam, com igual fervor, que a devida publicidade das obras realizadas por Ricardo durante o seu período de governo, será capaz de estabelecer uma ligação direta com o povo a ponto de reverter o prejuízo eleitoral forçado por Cássio.
Enfim, se revelam dispostos a cooptar outras lideranças estaduais, e partidos, com vistas a restabelecer o tempo de propaganda que teriam com o PSDB de Cássio, um tempo que se foi com a fuga do campinense, para estabelecer igualdade de condições na campanha pela TV e pelo rádio.
Enquanto isto, os cassistas sonham dormindo ou acordados. A confiança numa vitória é tão grande, que não há espaço para pensamentos outros. A liderança de Cássio seria tão extraordinária, o que é refletido no momento pelas pesquisas de opinião pública, que levaria Ricardo de rodão em outubro.
Os liderados por Cássio – e isto a gente sente desde o primeiro momento de qualquer conversa – consideram que as eleições na Paraíba estariam adredemente resolvidas: Cássio vai ganhar. E não têm a menor preocupação com os efeitos negativos que podem advir desse excesso de confiança.
Sobre o perigo, concreto – e, por sinal, tornado público ontem pelo pessoal da ong Transparência Brasil, através da Veja online – de Cássio ter sua candidatura impedida pela Lei Ficha Limpa, tal possibilidade é liminarmente rechaçada pelos cassistas como improvável.
Até o início de maio, nas contas dos aliados tucanos, haverá adesões em quantidade considerada memorável na história da política paraibana à candidatura do senador e ex-governador paraibano. “Cássio vai liderar uma enorme frente política, como nunca se viu no estado”´, é o axioma reinante entre os cassistas.
Mas, além de Ricardo, falta combinar direitinho as coisas com o PMDB, que tem postulante forte na pessoa do ex-prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rego, e com PT, que carrega o peso de ser o partido da presidente Dilma, neste momento, liderando as pesquisas de opinião pública como candidata à reeleição.
É preciso atentar ainda para os movimentos patrocinados pelo PEN, de Ricardo Marcelo e Luciano Agra, pelo PP, de Aguinaldo Ribeiro, pelo PTB, de Wilson Santiago,  e pelo PR, de Wellington Roberto. São siglas que deverão ter um peso significativo no desfecho da campanha eleitoral deste ano, na Paraíba. Somente está tudo combinado, mesmo, com o PPS do vice-prefeito pessoense, Nonato Bandeira.
Assim, não é possível dizer com convicção que haja um quadro já formado e capaz de estabelecer exatamente a dimensão que terá, ao fim e ao cabo, a perda de Cássio para as pretensões de Ricardo. e, portanto, de que forma ela vai pesar no processo eleitoral que se aproxima.
Convém, no entanto, não desprezar o capital político e eleitoral de Ricardo Coutinho. Com todo o desgaste que o governador ostenta, nesse instante, junto ao segmento político do estado, ele vai continuar governando, e não se sabe como o povo vai se comportar, na hora do voto, diante do que ele está disposto a dizer e a fazer nesse meio tempo em seu favor.
POST SCRIPTUM: Imagine, contudo, se Cássio, conforme boato corrente em Campina Grande. estiver mesmo disposto a fortalecer de uma vez o palanque de Aécio Neves no estado, abrindo a cabeça da chapa para o PMDB de Veneziano, e negociando a vice e o Senado! É peso!