Rubens Nóbrega
Via i-meio solicitei a um secretário de Estado que me explicasse porque ele e outros colegas de equipe do Ricardus I percebem remuneração acima do teto previsto constitucionalmente, como resultado da soma do salário do cargo efetivo de origem com o de auxiliar de primeiro escalão do Executivo estadual.
Além de confirmar que de fato percebe cumulativamente o salário do cargo efetivo em outro Poder com o de secretário de Estado, fazendo com que ganhe por mês mais do que o governador, o destinatário da minha mensagem forneceu os esclarecimentos que reproduzo adiante.
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Prezado Jornalista Rubens Nóbrega, falando em relação tão somente às informações que lhe foram prestadas a respeito de minha pessoa, confirmo que os valores informados como remunerações que me são atribuídas estão corretos. Quanto ao adjetivo de que seriam indevidos, peço licença para expor o seguinte:
1 – Há, nacionalmente, duas visões distintas sobre a questão:
a) uma no sentido de que o teto remuneratório se aplica à soma de todas as parcelas de remuneração recebidas pelo servidor mesmo quando estas sejam originárias de esferas de governo, poderes e/ou órgãos distintos;
b) outra que entende deva ser aplicado o teto de remuneração à remuneração recebida pelo servidor em esfera de governo, poder e/ou órgão distinto, não se acumulando ditas parcelas, quando recebidas de esfera de governo, poder e/ou órgão distinto.
2 – Reiteradas decisões do TCU (exemplo do Acórdão-1289/2012-TCU-2ª. Câmara, de março/2012) têm confirmado a interpretação de que para fins de aplicação de teto não se deve somar remunerações pagas por esfera de governo, poder e/ou órgão distinto.
3 – A controvérsia entre as duas interpretações encontra-se sub judice no Supremo Tribunal Federal, como são exemplos as decisões sobre repercussão geral admitidas nos casos abaixo:
[Nesse ponto, o secretário cita julgados do STF em recursos extraordinários contra decisões de tribunais estaduais em favor de servidores que ‘furavam’ o teto remuneratório no serviço público. São situações anteriores à Emenda Constitucional nº 41/2003, justamente a que fixou o abate-teto até aqui impotente diante dos super assalariados do serviço público na Paraíba. Deixo de reproduzir essa parte da mensagem do secretário porque, além de tomar o restante do espaço da coluna, traz ementas redigidas em um juridiquês talvez ininteligível para alguns leitores e a sua supressão, estimo, não afeta a compreensão acerca do conjunto da obra]
4 – O próprio CNJ (Conselho Nacional de Justiça) admite a possibilidade de Magistrado perceber remuneração superior ao “teto” – subsídio de Ministro do Supremo (ver Resoluções CNJ números 13, 14 e
42 – que admitem a percepção acima do teto para o recebimento cumulativo ao de Magistrado das seguintes remunerações: a) pensão; b) remuneração de magistério; c) gratificação pelo exercício de cargo de Presidente, Corregedor, Diretor de Fórum; d) gratificação pelo exercício na Justiça Eleitoral.
Seria o caso de TCE ou MPE…
Acredito que a questão dos ‘secretários marajás’ poderia pelo menos ser analisada por iniciativa – provocada interna ou externamente ou não – do Ministério Público Estadual ou Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Admite-se, contudo, que esses órgão já tenham conhecimento dos supersalários, mas preferem se manter distantes, indiferentes, omissos, não veem irregularidade alguma ou aguardam o deslinde do caso na esfera do Supremo.
O exército dos cabos eleitorais
O Ricardus I começou o ano da graça e das eleições de 2012 com 17.394 prestadores de serviço, segundo o Sagres, aquele sistema do Tribunal de Contas do Estado (TCE) que nos dá conta de como os nossos governantes gastam o nosso dinheiro. Pois bem, em dezembro do ano passado, a folha salarial dos prestadores de serviço do Estado pulou para 26.280 contracheques.
Segundo qualificado colaborador da coluna, a contratação de prestadores em lugar da nomeação de concursados nada mais é do que a formação do exército de cabos eleitorais do governador da hora. Mas o governo atual, mostrando ser mais criativo do que os seus antecessores nesse riscado, estaria utilizando até programas educacionais para ampliar a ‘tropa’ que defenderá a reeleição de Ricardo Coutinho ano que vem.
A denúncia, formulada por um professor efetivo do Estado, será publicada na íntegra na coluna de amanhã. Nesse meio tempo, buscarei esclarecimentos da Secretaria de Educação do Estado, em atenção ao velho e bom princípio que neste meu ofício recomenda dar vez e voz ao outro lado.
Além das minhas expectativas
Fiquei super feliz com a generosa presença de amigos e autoridades anteontem à noite no lançamento de ‘Histórias da Gente’, na OAB-PB, Centro da Capital. A todos e todas, o meu mais escolhido agradecimento.
E mais feliz ainda fiquei ontem, ao receber convite para lançar o meu livro de estreia em Campina Grande. Ainda esta semana devo acertar data, horário e local e compartilho com vocês.