Se há no Judiciário juízes decentes, zelosos de sua própria cidadania, conscientes de que podem estancar os malfeitos de gestores públicos e os descaminhos da atividade política

MINERAL DETONOU O MENSALÃO

Por Gilvan Freire

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Quando dissemos, pouco tempo atrás, que existia um mensalão na Paraíba, nos moldes ou pior do que o mensalão do PT no governo federal, a primeira providência do governador Ricardo Coutinho foi abrir um processo judicial contra o autor do artigo, o quarto processo de intimidação com o objetivo de amedrontar o Vidente Cego e evitar o estouro de um dos maiores bolos fecais morais do atual governo.

Para quem se defende de um processo desses e tem responsabilidade sobre o que afirma, não tem medo de ameaças e nem se intimida com a horda de delinquentes que assalta os cofres públicos do país inteiro em qualquer lugar, a reação diante do Judiciário não há de ser outra senão responder com dignidade e destemor: o que eu disse é verdade e eu quero provar. O Poder Judiciário, por mais que seja mofino e retardatário quando é para atender a súplica dos honestos, e por quanto seja muitas vezes conivente com os detentores do poder, capaz de esmagar os que têm razão para não molestar os poderosos flagrados em práticas ilícitas, ainda assim é o único caminho para onde um cidadão comum pode recorrer a fim de fazer valer a sua cidadania e evitar que a corrupção devore a moral comum e destrua o patrimônio público, vilipendiado e malferido todos os dias pelo Brasil afora.

 

Se há no Judiciário juízes decentes, zelosos de sua própria cidadania, conscientes de que podem estancar os malfeitos de gestores públicos e os descaminhos da atividade política, isso não só fortalece as convicções dos combatentes que se alistam no exército de salvação moral como elimina os focos de criminalidade, atualmente em assombrosa fase de ampliação. Por outro lado, se há juízes pusilânimes ou indecentes, a corrupção se propaga como fogo de monturo.

 

Estamos afirmando, faz tempo, que os descontroles morais do gestor do Estado da Paraíba são escabrosos e estratosféricos, numa dimensão jamais ocorrida, mas isso só se saberá com clareza ao término dos atuais mandatos, quando ruírem os muros de proteção e conivências, presentes noutros setores da organização estatal. Em breve, certamente, teremos detalhes dessas operações que desmoralizem por completo a boa-fé e a honestidade da maior parte da população da Paraíba.

 

Ricardo Coutinho, que para escapar das queixas de ex-aliados e amigos e da censura dos que combatem seus desvios, é capaz de jogá-los na fogueira, só para que não sobrevivam e infernizem-lhe a vida. Mas se deu mal com o deputado Antônio Mineral, que resolveu abrir o bico e o baú de parte das indignidades que o governo usa para ter liderados e não morrer sozinho.

 

O próprio governador garante que para ter deputados em sua bancada precisa desembolsar R$ 300 mil, mas Mineral diz que essas vantagens mensais, entre gratificações e outras trocas, chegariam a R$ 1 milhão. Ou seja: na Paraíba não há presídio para engravatados, autoridades para prendê-los nem justiça para processá-los. Mas poderá haver para quem chamá-los de assaltantes. E só erramos numa coisa, o mensalão é algumas vezes maior do que se pensava. E não é isso só.