Saúde ou guilhotina?

Paulo Santos

Quem votou e quem não votou no petista Luciano Cartaxo para Prefeito de João Pessoa tem uma expectativa: quem ele irá designar para cuidar do setor de saúde da Capital paraibana. Há muitos e graves problemas esperando o novo alcaide no Paço de Água Fria, mas nenhum nem de longe tem a gravidade desse setor.

A saúde, no início da gestão de Cartaxo, deve ser encarada como uma ação de guerra. Há muito não se colocava um setor público tão importante como esse de costas para quem mais precisava. Não há um só dia, nestes últimos oito anos, que não se ouça denúncias, reclamações, declarações de revolta ou pedidos patéticos de socorro.

É certo que as finanças da Prefeitura não andam muito bem das pernas. O dinheiro que cai nas contas oficiais está servindo, nesse fim de festa, para pagar alguns fornecedores e cumprir obrigações com a folha de pessoal. Em setores desimportantes – turismo, cultura, etc. – é proibido falar em despesas.

Na saúde não falta apenas dinheiro. Há muito falta mais coisas, Respeito com o cidadão, por exemplo. As palavras de ordem atendiam apenas apelos por obras de pedra e cal. Alguém pode explicar por que se construiu tantos prédios e não se cuidou do Trauminha, da distribuição de próteses e de medicamentos? Talvez nunca teremos resposta porque tudo indica que quaisquer indícios de erro serão varridos para debaixo de grossos e pesados tapetes.

Pessoas com problemas cardíacos, dormindo e acordando com medo da morte, receberam sonoros “nãos” quando foram implorar por um stent. Seus corações dependiam de pessoas sem coração. Assim como outros se aglomeram nos campos de concentração destinados a acidentados à espera de uma prótese de perna, de pé ou de braço que nunca chegam.

Não há sequer especulações sobre quem ocupará o delicado cargo de secretário de saúde. Luciano Cartaxo não confirmou sequer se sua preferência é por um médico ou por um leigo. Essa segunda hipótese nos faz estremecer porque, seja quem for indicado, vai parecer continuísmo. Estamos todos com o pescoço na guilhotina.

CASAS ANTAGÔNICAS
Estamos vivendo um momento surrealista, com duas respeitáveis instituições nacionais tão próximas fisicamente – separadas apenas por uma praça, em Brasília – e tão diferentes na forma de atuar. Enquanto o Supremo Tribunal Federal se ergue com a dignidade do julgamento do mensalão do PT, o Congresso Nacional dá mais um péssimo exemplo de mediocridade com o relatório da CPI do Cachoeira. O relatório do petista-relator é uma das peças mais indignas já produzidas pelo Legislativo brasileiro.

A PROPÓSITO…
Será difícil o senador Vital do Rego Filho (PMDB) olhar no olho de qualquer jornalista paraibano se votar com o relator na CPI do Cachoeira depois de ser pedido o indiciamento de um repórter da revista Veja que sequer foi citado durante os trabalhos da CPI. Se embarcar no corporativismo, Vitalzinho pode estar manchando sua até agora saudável biografia.