Santiago: "O PMDB começa errado"

Paulo Santos

O ex-senador Wilson Santiago surpreendeu parte dos jornalistas presentes ao hotel Tambaú, na manhã desta terça-feira (14), ao começar a esmiuçar uma tese que ainda pode dar muito o que falar: a de que o partido que ele integra, o PMDB, está colocando “o carro na frente dos bois” para 2014.

Santiago disse que o PMDB está errado em se lançar para 2014 com qualquer candidato ao Governo do Estado sem, antes, discutir um projeto de desenvolvimento para a Paraíba. “O PMDB começou pelo nome quando temos que priorizar um projeto”, disse aos repórteres, acrescentando que defende também a união das oposições ao esquema político de Cássio e Ricardo Coutinho.

Ele diz que o PMDB inverte os papéis e deveria se preparar melhor para enfrentar Ricardo na tentativa de reeleição; ‘Todo governador nessa situação é muito forte”, admite ele, com absoluta razão nesse aspecto. O senador deve explicar melhor a sua tese, à medida em que ela consiga ganhar terreno fora do PMDB. Não deixa, porém, de ser curiosa.

Isso dá margem para que se pense que há qualquer coisa de enigmático no futuro do PMDB. O condomínio, que voltou ao comando maranhista em níveis estadual e municipal (em João Pessoa), faz crer que está tudo em paz à espera das negociações para 2014, mas forças estranhas e conflitantes parecem rondar a agremiação.

O recente passado do PMDB derruba qualquer hipótese de tranquilidade. Na definição para a escolha do candidato a Governador, em 2010, o clã Vital de Campina Grande quis empinar o nome do então prefeito Veneziano, mas foi barrado pela força do mandato de comandante-em-chefe do Palácio da Redenção.

Voltando à quietude após a derrota para Ricardo Coutinho e seus girassóis, o PMDB voltou a experimentar novo confronto interno quando se desenhavam as eleições de 2012 para Prefeito da Capital, por obra e graça da iniciativa do deputado federal Manoel Júnior. Foram bater à porta de Michel Temer e Valdir Raupp. Maranhão venceu lá, mas perdeu cá.

O ano santo de 2012 ainda não havia terminado, as feridas dos confrontos municipais não haviam cicatrizado por causa das decepções em João Pessoa e Campina Grande e, de novo, o PMDB estava ás voltas com outro conflito, desta vez por conta da composição de um novo diretório estadual.

Parecia que dessa vez o motim peemedebista iria dar ganho de causa total ao pelotão que tentava derrubar a grande muralha maranhista. E, como das vezes anteriores, a direção nacional foi chamada para desarmar as bombas que chiavam na Paraíba. Desativados os torpedos, Maranhão consolidou-se novamente na direção partidária, após um acordo de cavalheiros não muito claro aos olhos da população.

Ninguém sabe o que acontecerá, dentro e fora desse partido, até 2014. Em calmaria é que não chegará aos meados do ano eleitoral porque nesse intervalo o comando do partido (em função do acordo já propalado) passará às mãos de um dos “rebeldes sem causa”, o ex-senador Wilson Santiago.

Caminhará o PMDB para a apresentação de um candidato a governador em composição com outro partido grande (ou médio)? Vai fincar pé na indicação do candidato a governador e oferecer a vice e a única vaga de senador aos aliados? Fará carreira-solo ou pretende unir sua orquestra a Cássio ou a Ricardo Coutinho? O futuro a Deus pertence.

O PMDB vem expondo publicamente, desde 2010, que deseja arejar seus pensamentos, colocar sangue novo em quem decide, criar novas perspectivas (inclusive de nomes) para oferecer alternativas ao eleitorado, provar que sabe reciclar-se e rejuvenescer, mas sem ser infantil.

O fato é que as urnas das recentes eleições têm demonstrado que as teses do PMDB podem até ser boas, mas não passam de teses. O projeto do novo com Ricardo Coutinho correu a Paraíba como rastilho de pólvora em 2010 e, em 2012, a tese do “novo” prevaleceu na Capital com Luciano Cartaxo. Como diz o vidente cego Gilvan Freire, do alto do Pico do Jabre lá em Patos, “errar é humano, mas permanecer no erro é burrice”.

É praticamente impossível discutir em profundidade um projeto de desenvolvimento para um Estado faltando dois anos para as eleições. E é quase impossível acreditar que tal sugestão venha de quem vai estar coordenando o partido no período eleitoral, no caso Wilson Santiago.
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PRESSÃO
O senador Cássio Cunha Lima (PSDB) vai começar a ser pressionado por companheiros de partido para assumir o mais rapidamente possível a candidatura ao Governo em 2014. Gente graúda do ninho tucano, que estava no hotel Tambaú nesta terça (14) não só advogava a tese como se referia ao governador Ricardo Coutinho com termos impublicáveis.
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ADMINISTRADOR ONLINE
Quem quiser duvide, mas um prefeito paraibano – reeleito em outubro passado – há semanas administra seu município… pela internet. Conectado na rede mundial, despacha com seus secretários no estilo “olho no olho”, mas com a webcam. Os eleitores que se… Deixa pra lá.