Sangue, mídia e (in) segurança

LUCIO VILLARlúcio vilar

O sangue espirra nas redes sociais e ganha manchetes nos impressos e estações radiofônicas, bombardeando o mais comum dos consumidores de notícias, enquanto a máquina publicitária, devidamente azeitada, segue sua inexorável ânsia pela mistificação de números e estatísticas na velha Paraíba de guerra, carimbada com ‘distinção’ no ranking internacional da violência. Aqui, os dados oficiais duelam com a realidade das ruas, sobrando intensa e inescapável sensação de insegurança generalizada.

O discurso oficial tem fraturas expostas e todos os dias tais fragilidades ganham visibilidade de Mangabeira a Intermares. O fato exige um contorcionismo semântico quase impossível dos profissionais de comunicação do governo, na hercúlea tarefa de convencimento do cidadão em torno da propalada e suposta redução da escalada da criminalidade, cantada inclusive em verso e prosa na mídia institucional.

Quem manipula quem? é a incômoda pergunta nesses dias sombrios em que se apela à segurança privada para se chegar, com segurança, mais tarde em casa, e onde ao mesmo tempo se desconhece a lógica (?) que mantém no posto um secretário de segurança cujas ações e estratégias revelaram-se absolutamente inócuas,  desprovidas de resultados concretos que atestem sua eficácia.

Aliás, em qualquer outro lugar, minimamente sério e preocupado com o bem-estar e a segurança de sua gente, a exoneração seria líquida e certa. Menos na Paraíba, claro…

Nessa seara só uns poucos não ‘percebem’ que não estamos “bem na fita”. É preciso, portanto, trocar os óculos cor-de-rosa que inibem o campo de visão para visualizar os buracos negros da política de segurança, esvaziada e irresponsável, dado o não cumprimento de seu papel histórico de prevenção e proteção dos cidadãos.