Samba de uma nota só de Cássio

Paulo Santos

Na semana passada, em várias entrevistas a emissoras de rádio e TV da Paraíba, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB) foi colocado à prova pelos entrevistadores, sempre o provocando – no bom sentido, é claro – sobre posicionamentos em relação à continuação da aliança com o governador Ricardo Coutinho.

No melhor estilo “samba de uma nota só”, Cássio abusou de repetir que que quer manter a convivência política com o ocupante da principal cadeira do Palácio da Redenção. Até aí poderia estar tudo bem, mas as declarações de Cássio não convenceram os interlocutores. Ficava sempre a necessidade de um complemento, de algo mais nas palavras, mas isso não veio. O senador parecia estar inspirado pelo velho guerreiro Chacrinha: “Eu não vim para explicar, mas para confundir”.

Cássio disse várias vezes que não tem a candidatura a governador nos planos para 2014. E desfia um rosário de argumentos para se justificar, inclusive de que Ricardo Coutinho está dando continuidade às obras projetadas durante seus mandatos que somaram cinco anos e meio.

O que mais chamou a atenção dos que o convidaram para essas entrevistas é o fato dele dizer que pode ser candidato em 2014. No círculo de amigos mais restritos do senador há até quem diga que ele já tem pareceres de famosos juristas assegurando que não há impedimento legal para postular o Governo dentro de dois anos.

Se não há impedimentos jurídicos essa possível candidatura em 2014 deve passar por várias avaliações políticas e, novamente, pessoas que privam de certa convivência dizem que ele pode ser o único adversário que, de fato, impõe temores a Ricardo Coutinho num eventual confronto.

É que o PMDB acena com a candidatura de Veneziano Vital e isso, de cara, radicalizaria o confronto entre – pra variar – os dois maiores condomínios políticos do Estado, de imediato transformando a busca de reeleição do atual Governador em mera “terceira força”. Pode ser uma análise precipitada, mas não deixa de ser uma tese.

Levando-se em consideração o quadro atual, não seria difícil para Cássio arrastar a maioria dos aliados de Ricardo Coutinho. Leia-se, aí, o PSD de Rômulo Gouveia; o DEM de Efraim Morais; e o PDT de Damião Feliciano, para citar apenas alguns, mas outros poderiam se agregar ao projeto.

O PMDB, por sua vez, poderia também colocar muitos dos atuais aliados e desafetos de Coutinho sob o guarda-chuva de Veneziano, como são os casos do PPS, PT e PP. Some-se a isso o fato de não haver dúvidas sobre quem teria o apoio do prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, nesse cenário de disputa entre Cássio e Ricardo.

Em uma dessas entrevistas Cássio chegou a dizer que o governador Ricardo Coutinho vai dar o “tom da música” de 2014 e, de antemão, advertiu que não sabe dançar. “Dançar”, no sentido político, nunca algo aceitável no clã Cunha Lima. O foguete em que se transformou a candidatura Romero em Campina, no ano passado, saindo do terceiro lugar para a vitória, diz bem que o grupo não brinca em serviço.

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MUDANÇA
Não houve qualquer explicação da Secretaria de Segurança para a mudança de delegado que investiga o desaparecimento da garotinha Fernanda Hellen. Pelo tempo em que o fato ocorreu – mais de uma semana – só há que explicar o nível de competência de quem estava anteriormente no caso.

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CONTRARIADO
Num ambiente onde só se respirava política no fim de semana, em João Pessoa, surgiu o comentário de um vereador de que um colega havia levado listão com 50 nomes para serem nomeados pelo prefeito Luciano Cartaxo. “Pela cara dele (do vereador) ao sair da Prefeitura só conseguiu nomear meia dúzia de três ou quatro”, ironizava o parlamentar.