Ricardo humilha a UEPB

Rubens Nóbrega

Não há razão alguma para o governador Ricardo Coutinho não ter nomeado ainda o Professor Rangel Júnior para o cargo de Reitor da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). A não ser…
A não ser que Sua Majestade esteja disposta a desrespeitar a vontade irrefutavelmente majoritária da comunidade universitária da Instituição, que em 16 de maio deste ano deu mais de 50% dos votos válidos à chapa encabeçada por Rangel Júnior, que disputou o cargo com quatro outros concorrentes.
A não ser que o imperador esteja decidido a afrontar a decisão dos conselhos superiores da UEPB, que desde 23 de agosto passado homologaram à quase unanimidade o resultado da eleição de maio e desde aquela data enviaram ao Palácio – com Rangel Júnior na cabeça – a lista tríplice de candidatos ao posto.
A não ser que o monarca esteja empenhado em se vingar da Reitora Marlene Alves, por ela não ter se curvado a ele nem se calado diante dos ataques reais à autonomia universitária e também por ter mostrado o quanto ela e sua gestão são aprovadas por professores, alunos e funcionários, que nas urnas consagraram o candidato da Magnífica.
A não ser que o absoluto esteja absolutamente resolvido a vulnerar ainda mais a Instituição, da qual cortou recursos, faltou com apoio e agora, por demora na nomeação do Reitor, dá força aos boatos de segmentos minoritários, derrotados no processo eleitoral, de que “Ricardo está c… e andando pra autonomia da UEPB”.
A não ser que o despótico governador tenha resolvido trair mais uma vez as promessas que fez em campanha à comunidade da UEPB e, por inexcedível desprezo à democracia institucional, para deslegitimar a escolha da maioria esteja propenso a nomear um interventor, escolhendo-o preferencialmente dentre os derrotados de maio.
A não ser que o arbitrário governante, à falta de condições políticas para não nomear Rangel Júnior, segure a nomeação até a undécima hora (o mandato de Marlene acaba dia 12 de dezembro próximo) só pra ter o gosto de prejudicar a transição e a formação de equipe do novo Reitorado, em mais um estratagema para desgastar a UEPB.
A não ser que o atrabilioso esteja forçando a barra na expectativa de que o Reitor eleito venha até a Corte, ajoelhe-se diante do trono e implore pela nomeação, aceitando submissão ao projeto de poder, às vontades e vaidades do rei, tal e qual fizeram dirigentes de outros poderes e instituições que desonram seus mandatos e prerrogativas.


Não vão conseguir
Conheço pouco o Professor Rangel Júnior, mas o pouco que sei dele já é mais do que suficiente para admirá-lo como educador e, tão ou mais, como poeta cantador e compositor.
Para além dos seus títulos acadêmicos e dotes artísticos, o Reitor eleito da UEPB tem uma fantástica experiência de gestão, pró-reitor que foi do Reitorado Marlene Alves, e conhece como poucos os problemas e alternativas de solução para a Universidade que merece dirigir.
Merece porque tem liderança, capacidade de trabalho, honestidade de propósitos, competência de sobra e a estima da grande maioria dos seus colegas docentes, alunos e servidores técnico-administrativos da UEPB.
Sua eleição para suceder a Professora Marlene, além da legitimidade indiscutível, está forrada pela mais estrita legalidade. Todo o processo eleitoral e seu referendo pelos colegiados superiores observaram estritamente o que mandam a lei e as normas institucionais.
Rangel Júnior não tem porque – nem vai – se dobrar às idiossincrasias ou à possível esquizofrenia de alguém que se acha acima da lei e de seus semelhantes.
Sequer considero a hipótese, mas, se por artes do demo for outro o nomeado, a UEPB entrará em convulsão. Será incalculável o prejuízo nas atividades didáticas e científicas, do ensino à pesquisa, da extensão aos serviços prestados à população.
Talvez seja justamente isso o que estejam querendo aqueles que tentam impedir e sabotar a nomeação de Rangel, como já se não fosse bastante o que fizeram até aqui – e continuam fazendo – para manchar o cartaz e sujar a ficha da Reitora Marlene.
Rangel não comenta

Mantive breve contato telefônico ontem com o Professor Rangel Júnior, de quem tentei – em vão – arrancar um comentário sobre a demora na sua nomeação. Polidamente, inteligentemente, ponderadamente, diga-se, limitou-se a dizer que está à disposição do governador.
“Já pedi audiência para discutir o futuro da UEPB, porque serei o gestor desse futuro. Quero, sobretudo, debater e oferecer parcerias com o Governo do Estado que podem melhorar e dinamizar a inserção da Universidade nos programas e ações de desenvolvimento da Paraíba”, disse.
No mais, confirmou que aguarda a publicação do ato de sua nomeação para começo de dezembro, conforme teria sinalizado o próprio governador. “Sobrará muito pouco tempo para um mínimo de transição, porque efetivamente será um novo reitorado e não a simples continuidade do atual. Mas estou preparado para qualquer situação”, garantiu o Reitor eleito.