Ricardo e a defesa dos interesses da Paraíba

João Manoel de Carvalho

Por décadas, a Paraíba esteve rigorosamente discriminada pelas demandas dos estados mais ricos da Federação e os paraibanos pagaram caro por políticas econômicas impostas de cima para baixo que fizeram prevalecer as grandes corporações em detrimento das exigências mais prementes do Estado e da própria região nordestina.

O exemplo mais gritante dessa dura realidade ocorreu, durante o Governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, quando governava a Paraíba o Sr. José Maranhão.

As políticas econômicas neoliberais aditadas àquela época por FHC para atender os interesses das grandes corporações financeiras levaram o país a uma crise sistemática sem precedentes, atingindo, mortalmente, não só o país, como mais diretamente as suas regiões mais pobres e o Nordeste por suas peculiaridades econômicas e sociais.

Faltou por todo esse longo período de vida pública, um grito de coragem, uma voz dissonante, que interpretasse os anseios do povo e interrompesse esse interregno de submissão e subserviência dos governadores da região em relação aos ditames do Poder Central.

Os governantes nordestinos limitavam a sua presença com relação ao Palácio do Planalto com gestos submissos sem a mínima eiva de altivez, sem nunca levarem em conta a trágica situação de seus respectivos Estados, aceitando em consequência políticas fiscais perversas e injustas, que contemplavam, quase sempre os interesses das regiões mais desenvolvidas, em detrimento do Nordeste.

Para se fazer justiça, só um ou dois governadores tiveram uns raros impulsos de independência e altivez na defesa da Paraíba, podendo se citar Pedro Gondim e João Agripino, mas esses ímpetos foram sufocados pela inda autoritárias que se abateu sobre o país, a partir da tomada do Poder pelos militares, em março de 1964.

Agora, governador Ricardo Coutinho esboça alguns gestos de irresignação e inconformismo com relação a algumas iniciativas do Poder Central que postergam os interesses do Estado e da região nordestina e inibem o seu desenvolvimento.

Apesar de pertencer à base de sustentação política do Governo da República, o governador teve recentemente a hombridade de discordar da medida, que tentar instituir o ICMS único e qualificá-la como lesiva aos reclamos das regiões mais pobres, como o Nordeste, o Norte e o Centro Oeste, e impedi-las de conceder regime de incentivo fiscal diferenciado e atrair novas empresas para seus respectivos Estados.

São atitudes com essa marcam a atitude da atual administração e fazem a diferença entre o passado submisso da Paraíba e essa nova era de destemor e ousadia utilizados para defender, acima de tudo, os mais altos interesses econômicos e sociais dos paraibanos.