Ricardo: desprezo que não ajuda

Sérgio Botêlho

A cada dia um novo acontecimento ou uma nova declaração política perturba nossas convicções sobre o ano eleitoral na Paraíba. E, assim, vai ficando complicado analisar com o mínimo de capacidade de previsão o que deve acontecer neste ano eleitoral, no estado, no que tange à sucessão do governador Ricardo Coutinho.
Desta vez, o motivo para a confusão de raciocínios vem de declarações de Coutinho, que luta para construir seu palanque em virtude do enorme desfalque que está sendo anunciado pelos cassistas, vale dizer, tucanos, em pleno processo de abandono do barco do governador socialista, um barco vitorioso no último pleito estadual de 2010.
Na tentativa de elevar o prestígio popular de seu governo, e minimizar o de seu quase ex-aliado, Cunha Lima, Ricardo resolveu desqualificar todos os demais ex-governadores do estado, incluído José Maranhão, do mesmo PMDB do qual Coutinho precisa agora mais do que tudo no mundo. Por cortesia, não deveria fazê-lo nem mesmo com relação a Cássio, ainda seu parceiro governamental.
Disse o governador, com toda a ênfase do mundo, que haverá, em tempo, de iluminar as provas a revelarem que seu governo é melhor do que todos os demais que já passaram pelo Palácio da Redenção. Ao menos, foi isto o que foi reproduzido por diversos sites de notícias encarregados de esquadrinhar os acontecimentos paraibanos, dia a dia.
Não precisava. Contudo, é bom lembrar que com tais declarações Ricardo somente reforça a tese de arrogante que lhe é impingida tanto por adversários quanto por aliados. Talvez seja este o fato que mais afaste de seu palanque pessoas que até estariam dispostas a permanecer governistas, pelo simples prazer e utilidade que tal posição sempre lhes proporcionaram.
E não atingiu somente Maranhão, objeto do desejo político do governador, o após quatro anos de rompimento unilateral promovido pelo socialista, e Cássio, seu ainda aliado.  Mas, também Wilson Braga, vivinho da Silva, e compondo a base do atual governador, foi afetado pelo disparo.
Não sei, não. Mas, acho que, se é mesmo intenção do governador a reaproximação com José Maranhão, cabe uma revisão total do que foi dito. Caso seja esta mesmo a intenção de Ricardo, quer dizer, buscar reatamento com o PMDB, a única tábua de salvação que cabe a ele na insana luta eleitoral marcada para outubro próximo, nas urnas. Com adversários da estatura de Cássio e de Veneziano, do PDMB que Ricardo procura atrair.
Mas, como desdizer uma afirmação tão contundente como aquela atribuída ao governador, com referência aos seus demais antecessores? Vai ser preciso muito contorcionismo político-verbal para a empreitada