Ricardo: Como vencer o impasse?

João Manoel de Carvalho

Sem qualquer intuito de criticar ou censurar o governo do Sr. Ricardo Coutinho nem o de lhe tecer elogios gratuitos, a primeira obrigação de um observador isento e equilibrado é o de reconhecer, hoje, a existência de um impasse entre a administração estadual e a opinião pública. Esta constatação está escrita nas estrelas.

O que se estabeleceu na realidade, na realidade, foi uma situação em que tudo o que o Governo faz é levado à execração pública, o que concorre para institucionalizar uma raiva coletiva com relação às ações do Governo, que termina por descambar para um radicalismo cego que se perde pelo julgamento preconcebido e, às mais das vezes, precipitado.

O que está muito visível e não pode ser negado por quem tenha um mínimo de isenção é que há uma dificuldade ostensiva de relacionamento político como Governo do Estado e isso decorreria da circunstância do próprio temperamento pessoal do Governador, em princípio, infenso ao exercício da autocrítica, o que dificultaria um relacionamento mais próximo e civilizado com os segmentos sociais.

Pelo que pudemos observar nesses quase onze meses do Governo, poderíamos concluir que o governador Ricardo Coutinho seria um homem fadado ao confronto e quase sempre apto às decisões de cima para baixo, sem expectativas de reversão.

Nas lutas políticas em que se envolveu, esteve quase sempre na adversidade e soube sempre sair-se airosamente para obter, mais tarde, sucessivos êxitos políticos. Quando, por exemplo celebrou o pacto político com o grupo Cunha Lima foi condenado e execrado, quase unanimemente, pela classe média, que, praticamente, o classificou como inimigo público número um, tal o elevado grau de rejeição que sofreu daqueles segmentos mais esclarecidos e conscientes da opinião pública paraibana.

Ninguém jamais pensaria que aquele pacto com o grupo político do hoje senador Cássio Cunha Lima fosse transformar-se no grande ou maior instrumento político eleitoral de sua surpreendente e espetacular vitória eleitoral, que o levou à conquista do Poder político, no Estado, em 2010.

Os que combatem o governo do Sr. Ricardo Coutinho e se digladiam com a sua administração, têm motivos relevantes para fazê-lo, mas, algumas vezes, cometem o pecado da radicalização e, por isso, correm o risco de incidir na cegueira política, que desvirtua e compromete a analise fria e isenta dos fatos.

A grande tarefa do Governo do Sr. Ricardo Coutinho é a de buscar uma saída para o impasse, que, queira ou não, estabeleceu com a opinião pública, porque, se esse impasse perdurar por muito tempo, o maior perdedor será, sem dúvida, o interesse público.

O momento que o governador enfrenta é bastante crítico exige dele um momento de profunda reflexão em busca do tempo perdido.

Emprego em primeiro lugar

O senador Lindbergh Farias ergueu sua voz no Senado para fazer uma grave advertência ao Governo, ao afirmar que a estabilidade econômica do pais não deve ser buscada com o sacrifício do desenvolvimento nacional. O senador pelo Rio de Janeiro afirmou que de nada adianta conquistar uma estabilidade econômica e governar uma população desempregada e faminta, sem um mínimo de qualidade de vida. Lindbergh é um dos nomes cogitados para disputar o Governo do Rio de Janeiro, nas eleições de 2014 pela legenda do Partido dos Trabalhadores.

Unidade e bem comum

Seria importante para o nosso Estado que, tal como ocorreu na discussão da partilha dos recursos advindos da partilha do pré-sal, tão bem conduzida pelo senador Vital do Rêgo Filho, as lideranças políticas paraibanas se reunissem para elaborar um projeto de desenvolvimento do Estado, calcado em nossa realidade econômica e social, como única forma de estancar o processo impiedoso de empobrecimento de nossa população. Tal circunstância não só se constituiria numa grande contribuição para geração de emprego e renda para os paraibanos como, quem sabe, poderia redimir na imagem da classe política tão desgastada e tão desacreditada nos dias de hoje.

Frase

“O sistema financeiro internacional destrói riquezas e gera injustiças em todo o mundo”. (Ruben Ricupero, economista, ex-ministro da Fazenda e pensador político).