Polêmicas

Retrospectiva: Ano Musical...Será Mesmo ?

Bruno Filho

O Brasil é um País musical ao extremo. Em qualquer cantinho dessa terra tem sempre um rítmo novo surgindo, regional ou não, e o sucesso acontece tão rapidamente que nem mesmo os próprios cantores e compositores acreditam naquilo que estão vivendo. Tivemos casos absurdos.

Vou citar dois que no meu conceito estão distantes de serem consideradas musicas, mas enfim preencheram meus ouvidos por longos 12 meses, repetitivamente assim como fizeram com toda a população de norte a sul, agradando a maioria daqueles que conseguiram sobreviver.

A primeira “composição” uma tal de “Eu Quero tchu, eu quero tcha”… de uma dupla com os nomes João Lucas e Marcelo. Bafejados pela sorte conquistaram o jogador de futebol Neymar para cantar com eles e fazer um “clip” da canção. Com isso juntaram a fome e a vontade de comer e encheram os bolsos.

Quero que alguém me prove que o “tchu e o tchá” é algo musical. Pelo amor de Deus… Mas os dois que não sei se são sertanejos, forrozeiros, ou seja lá o que for não estão nem aí. Recebi informações que um show dos meninos não custava menos de 200 mil reais aos produtores.

Caminhando paralelamente, surgiu uma outra pérola chamada “Ai se eu te pego”, com o já rodado Michel Teló, essa foi a mais executada não só aqui no Brasil, mas em grande parte do Mundo. Claro que foi ajudada outra vez pela coreografia com duplo sentido, num gesto adorado e copiado.

Teve a favor também a conivência dos jogadores de futebol, eternos “não-faz-nada” que adoram luzes e cameras. Esse rapaz viajou pelo planeta inteiro com esse “hit” e os “boleiros” internacionais aderiram ao mesmo sempre que marcavam um gol, seja lá aonde fosse.

Não parou por ai. Soldados de exército, atores, simples transeuntes de várias línguas paravam na frente das cameras para executar o refrão… “Ai se eu te pego”, rebolando e cada um que fazia a micagem achava-se engraçado. Quanto mais pitoresco, mais engraçado.Para muitos, mas não para todos.

Com isso, e ainda com as presenças marcantes de Gustavo Lima, Luan Santana e outros magnânimos do ritmo seguimos engolindo guela abaixo uma porção de descartáveis neste ano. Sem falar ainda dos “Tecnos-forró”, letras diferentes colocadas num unico ritmo. O mesmo fundo musical que serve para tudo.

Ainda bem que sobrou um tempinho para comemorarmos os 100 anos de Luiz Gonzaga, o nosso Rei que trabalhou por 50 para nos abarrotar de coisas boas. Quantas composições de Gonzaga não tivemos tempo de ouvir, trocadas por um tchu ou um tcha. Não aceito.

Tivemos muito mais gente boa, alguns encerrando a carreira, morrendo longe das luzes das cameras trocados por cantores de mídia, daqueles que sobem ao palco para um show de uma música só. Estaria na hora de repensar o que presta e o que não presta.

Um dos que nos deixou foi Wando, que com o seu “brega-erótico” sempre teve o seu público cativo. Sem citar mais ninguém pretendo terminar com algo que para mim continua sendo inacreditável. O sucesso estrondoso do eterno “Rei da Juventude” Roberto Carlos.

Com o seu indefctível terno branco, camisa social azul e sapatos brancos, ele ainda desfila com seus cabelos esticados a ferro pelos shows de final de ano, cantando musicas que foram compostas há 40 anos atrás e que ainda fazem sucesso. Todos, independentemente da idade, sabem cantá-las.

Junto a estas criou para esta temporada “Esse cara sou eu”, que além de ocupar o horário nobre da principal novela apresentada no País, foi a mais tocada dos ultimos 3 meses incansavelmente, numa demonstração de que o bom perdura para semnpre. Imaginem se alguem vai lembrar de tchu, tcha e se eu te pego em 2050 ?

Bruno Filho, jornalista e radialista, que preserva seu ouvido acima de tudo…

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