REIVINDICAÇÃO E RESPONSABILIDADE

POR PAULO SANTOS

pm greve

É grande a expectativa da sociedade quanto à forma como os líderes dos policiais militares paraibanos conduzirão, nesta semana, o movimento reivindicatório a ser deflagrado. Logo para quarta-feira (21) anuncia-se uma mobilização que deve levar centenas de PMs e civis à porta do Palácio da Redenção.
Quem conhece os oficiais da PM da reserva e os sindicalistas que atuam nesse segmento sabe que todos têm conhecimento da responsabilidade que lhes cabe nesse momento, no Estado, às vésperas do acirramento dos ânimos numa disputa eleitoral em que estará em jogo, dentre outras coisas, o futuro político do governador Ricardo Coutinho.

E é justamente a aproximação do período eleitoral que causa preocupação. O Governo RC não parece incomodado com os baixos índices de aceitação da tese da reeleição captados pelas pesquisas de opinião pública e mantém a mesma postura arrogante e prepotente em relação aos servidores públicos estaduais.
Os policiais da Paraíba – militares e civis – sofrem dos mesmos problemas dos colegas no restante do país – baixos salários, péssimas condições de trabalho, etc. – e ainda mais devido ao evidente desprezo que o núcleo central de poder demonstrou ter em relação aos que sustentam o serviço público.
Em favor dos policiais paraibanos há a evidência de comportamentos responsáveis e irrepreensíveis durante movimentos anteriores, inclusive com uma greve no período de governo de José Maranhão em que tanques de guerra do Exército foram desnecessariamente requisitados e colocados à porta da sede do Governo, na Praça João Pessoa.
O atual Governo é mais sutil. Não se vale de atitudes típicas da ditadura militar para reprimir os movimentos sociais, mas atinge-os na parte mais frágil: o bolso. Reduz, dia a dia, a capacidade de sobrevivência dos seus funcionários – civis ou militares – como forma de demonstrar um pseudo-poder de força, fragilizando-os pela fome e pelas doenças.
Os policiais que encabeçam os movimentos reivindicatórios não podem – nem devem – assumir atitudes quixotescas, tampouco buscar soluções radicais emblemáticas, para mostrar à população os seus sofrimentos. Esses são por demais conhecidos da maioria em virtude de posicionamentos adotados, por exemplo, pelo atuante Fórum dos Servidores.
Em bom português, os policiais paraibanos devem evitar o vexatório comportamento adotado pela PM de Pernambuco que, ao paralisar suas atividades em nome de suposto movimento reivindicatório, deixou o Estado á mercê de assaltantes, assassinos e vândalos de todas as espécies.
Espera-se, inclusive, que a classe política saia da sua confortável posição de esperar que os servidores públicos lhe procurem em busca de migalhas de atenção e vá ao encontro dos policiais militares, oferecendo-lhes apoio além das palavras, mas com atitudes. Afinal, a eleição de 5 de outubro atingirá todos os entes estaduais e não apenas o Governador.