Rede na cabeça, por Merval Pereira

Por Merval Pereira, O Globo

Marina Silva está acreditando que já é um fenômeno eleitoral e dispensa apoios de indesejáveis. Segue assim o caminho que Eduardo Campos decidira trilhar, só que ele escolheu a dedo os seus indesejáveis: Renan Calheiros, José Sarney, Fernando Collor. Marina adicionou à lista o PSDB e o PT, firmando assim uma imagem de terceira via pela confrontação, e não pela negociação.

Se abre mão antecipadamente do PMDB — que Campos queria colocar na oposição a seu governo —, mas também do PT e do PSDB, com quem Marina irá governar? A decisão de Marina de recusar o apoio do PSDB de São Paulo, mesmo com a aliança feita pelo PSB sob comando de Campos, mostra bem o rumo que sua candidatura tomará.

Se anteriormente não faria muita diferença que ela não aparecesse em comícios ou reuniões da coligação, pois Campos apareceria, agora sua ausência é uma afronta política a um governador que deve se eleger no primeiro turno no maior colégio eleitoral do país. E a recusa a apoiar Lindbergh Farias, do PT no Rio, fecha a porta também ao partido que está no governo, marcando uma posição firme de alternativa “a tudo o que está aí”.

Só mesmo sendo um fenômeno eleitoral para afrontar tantos interesses políticos já arraigados e abrir mão antecipadamente de apoios no segundo turno, que, se alcançado, requererá um apoio político para vencer a presidente Dilma. Isso na teoria, no raciocínio da “velha política”, que Marina e seus eleitores indignados rejeitam.