AFLIÇÃO

Recém nascido desaparece de hospital em Brasília

A criança, de menos de um mês, foi levada do Hospital Regional da Asa Norte (Hran). A Polícia Civil apura o caso e busca suspeitas de terem cometido o crime. Circunstâncias lembram o rapto de Pedrinho, em 1986.

Câmeras não estavam funcionando

A criança, de menos de um mês, foi levada do Hospital Regional da Asa Norte (Hran). A Polícia Civil apura o caso e busca suspeitas de terem cometido o crime. Circunstâncias lembram o rapto de Pedrinho, em 1986.

Um recém-nascido foi sequestrado no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), em Brasília.

Até a noite de ontem, a Polícia Civil procurava quem tirou o bebê da unidade médica. Nenhuma das 28 câmeras do local funciona, o que dificulta a apuração.

Sara Maria da Silva, 19 anos, deu à luz em um Posto de Saúde na Estrutural, em 25 de maio. Desde então, mãe e filho estavam internados em um quarto conjunto no 2º andar do hospital do Plano Piloto.

As primeiras informações sobre o rapto surgiram na hora do almoço, quando a equipe de enfermagem percebeu que a criança não estava lá. As buscas começaram com vigilantes e policiais militares. Todos que entravam ou saíam da unidade passaram por revista. O clima era de confusão. A suspeita é que uma mulher loira, que carregava duas bolsas, uma azul e uma cinza, levou o menino. Ela poderia estar usando uma peruca para se disfarçar.

A criança receberia alta médica nesta quarta-feira.

Várias pessoas se aglomeraram em frente ao hospital. O quarto 208, onde estavam mãe e filho, foi isolado.

Nenhuma hipótese está descartada — inclusive a participação de funcionários.

Na semana passada, segundo apurou o jornal Correio Braziliense, houve uma discussão entre familiares no hospital. Após a confusão, todos os visitantes do menino passaram a ser identificados previamente. No início da noite dessa terça, Sara prestou depoimento e outras três pessoas foram ouvidas.

Segurança

O drama da família expõe a fragilidade da segurança nos hospitais da capital federal. As câmeras e os 17 vigilantes da unidade não bastaram para impedir o crime. Em 2012, a Secretaria de Saúde comprou 900 câmeras. Segundo o Tribunal de Contas do DF (TCDF), apenas 95 foram instaladas e o sistema nunca funcionou. A licitação acabou suspensa. “Acho que temos segurança no hospital. Esse foi um evento muito raro, de grande pesar, mas temos uma vigilância a contento”, justificou o diretor do Hran, José Adorno.

O que chama a atenção no sequestro é que o acesso para o alojamento onde estavam Sara e o filho dela é uma das portarias mais movimentadas do hospital. Vigilantes ficam de plantão ininterruptamente, segundo a instituição. O horário em que a criança foi tirada do local também não coincide com o de visitas. O Executivo local garante que a situação das câmeras será regularizada, mas não define prazo.

Muitos curiosos se amontoaram na emergência e no ambulatório. A funcionária pública Kamilla Freitas, 26 anos, chegou ao hospital ainda durante as buscas. Ela estava à procura de uma consulta para a filha Lígia, 3. “Não consigo imaginar o tamanho da crueldade de alguém que faz uma coisa dessas. Imagina o que essa mãe está sentindo?”, lamentou a moradora do Lago Sul. A enfermeira aposentada Ivonice Setúbal Mourão, 65 anos, observava de longe. “Um hospital de referência deixar acontecer uma coisa como essa? É algo que não se explica. Como mãe e avó fico sem chão”, comentou.

Retrato falado

Mesmo com a repercussão do caso, a Polícia Civil não comentou a investigação.

Segundo o diretor do hospital, a Divisão de Repressão ao Sequestro trabalha em um retrato falado baseado em informações de funcionários e de pacientes.

A Divisão de Comunicação da Polícia Civil (Divicom) explicou, em nota, que, durante as investigações nenhum detalhe seria noticiado. “Qualquer informação divulgada pode colocar em risco a vida da criança”, resume o texto.

A mãe, a sogra e uma cunhada de Sara estiveram na delegacia que investiga o caso, mas não conversaram com a imprensa. Elas passaram parte da noite no local, amparadas por assistentes sociais e por um psicólogo.

Durante a noite, equipes da PCDF realizaram diligências atrás de suspeitas de terem cometido o crime. O conselheiro tutelar da Estrutural Djalma Nascimento também esteve no local. Ele contou que acompanha a mãe desde a época do pré-natal. “A família é muito humilde. O pai do bebê está desempregado. A mãe estava empolgada em poder levar a criança para casa”, disse.

Fonte: Estado de Minas