Trinta dias depois do retorno das aulas presenciais na rede privada de ensino em Natal, nenhum caso do novo coronavírus foi registrado entre alunos, professores e demais trabalhadores dessas instituições. A informação é do Sindicato das Escolas Particulares do Rio Grande do Norte, responsável pelo monitoramento dos estabelecimentos que já reabriram. No período, segundo o Sindicato, o número de escolas abertas presencialmente passou de seis no primeiro dia – 15 de setembro – para 106 até a última sexta-feira (9). Em paralelo, a média de novos casos da covid-19 no Estado se manteve em 245 casos por dia, patamar observado desde o fim de agosto.
A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap/RN), que monitora o registro dos casos feitos pelas Secretarias Municipais de Saúde, também informou que não houve nenhuma notificação reportada de profissionais, funcionários ou estudantes. Em algumas escolas, como no CEI Romualdo, houve casos suspeitos entre crianças, mas os exames deram negativo para o novo coronavírus.
O protocolo de segurança sanitária adotado nessa situação prevê que quem apresentar sintomas gripais permaneça em casa, realize o teste e informe à escola. Semanalmente, as famílias também precisam apresentar um boletim médico informando sobre o quadro de saúde dos estudantes. Segundo o presidente do Sindicato das Escolas Particulares, Alexandre Marinho, o protocolo teve o resultado esperado na reabertura. “As escolas estavam bem preparadas para a reabertura porque já estava se reorganizando há três meses”, disse.
Estado de ‘vale’
Desde que as aulas presenciais retornaram, a média de novos casos do coronavírus se manteve em torno de 245 casos por dia no Rio Grande do Norte. A estabilidade demonstrou um cenário menos crítico que o observado em junho e julho, mas também encerrou uma queda no número de casos reportados por dia, observada até o fim de agosto. “Até o fim de agosto o número de casos por dia estava caindo, mas depois isso parou. Estamos no período que chamamos de ‘vale’. O número de casos nem cresce e nem diminui”, informou a subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica da Sesap, Alessandra Lucchesi.
Questionada se a estabilidade significava que a curva de casos da covid-19 havia chegado ao mínimo, Lucchesi respondeu que não. A média de 245 casos por dia é superior, por exemplo, ao que o Rio Grande do Norte apresentava em abril, um mês depois do primeiro caso reportado. Naquele mês, a média estava em 140 casos por dia. “Não se estabilizou porque a pandemia não chegou ao fim. O número de casos por dia ainda é maior do que era no início”, disse.
Apesar da estabilização ter acontecido no mês em que as aulas retornaram, Lucchesi ressaltou que não é possível atribuir o retorno como causa por conta da complexidade da pandemia. Em setembro, por exemplo, houve um feriado prolongado (7 de setembro) e o início das campanhas políticas. Outro ponto destacado pela subcoordenadora é a “banalização das medidas sanitárias”. “A medida mais eficaz contra a covid-19 é ficar em casa e manter a higienização, mas hoje a gente observa as pessoas menos atentas ao uso do álcool em gel, ao uso da máscara. Não dá para afirmar que a queda chegou ao fim por um fator ou outro”, analisou Lucchesi.
No ambiente interno das escolas, as equipes pedagógicas e os estudantes entenderam a rotina com os protocolos de biossegurança. No CEI Romualdo, uma das primeiras escolas a abrirem após a autorização da Prefeitura de Natal, cerca de 1,8 mil alunos (90% dos matriculados) retornaram às aulas presenciais em todas as séries e a adaptação é vista como positiva. “As crianças entenderam muito bem desde o primeiro momento todas as medidas necessárias. Já com os adolescentes tivemos mais dificuldades, mas educamos no sentido de todos cumprirem as normas”, afirmou a diretora pedagógica do CEI, Cristine Rosado.
As principais normas implementadas na rotina da escola foram o rodízio semanal de turmas e os horários de saída específicos para cada série. Com o rodízio, a escola fica limitada a 600 alunos por dia. O restante assiste as aulas de forma remota. “A ideia é que os grupos não se misturem e sejam pequenos grupos de alunos para evitar ao máximo que haja algum contágio”, destacou Cristine Rosado.
O rodízio não foi aplicado em todas as instituições. Segundo Alexandre Marinho, há escolas que receberam apenas 30% dos alunos matriculados no início da reabertura. Pouco a pouco, o número cresce (o retorno é opcional e as aulas remotas continuam disponíveis) e se faz a necessidade do rodízio. “Como tem mais solicitações de retorno, estamos nos reorganizando para implementar o rodízio das turmas”, disse Marinho, diretor do Complexo Educacional Henrique Castriciano.
Fonte: Tribuna do Norte
Créditos: Tribuna do Norte