RC sob o Efeito Orloff

Por Rubens Nóbrega

Ao preço de hoje, como diria o inexcedível Joelmir Beting, Ricardo Coutinho tem tudo para ser em 2014 o que foi Estebelizabel Bezerra em 2012 nas eleições para prefeito da Capital. Afinal, há quem diga que em algum momento da campanha do ano passado, quando viu que estava perdida, a candidata do PSB chegou para o chefe e disse: “Ei, eu sou você amanhã”.

Quem propala tal versão aplica sem a menor cerimônia o Efeito Orloff ao projeto de poder longevo desenhado por Ricardo Coutinho desde a coroação em 1º de janeiro de 2011. Mas verdadeiramente ele não tem como escapar da sina que se projeta sobre suas pretensões se o páreo da sucessão estadual de 2014 for completado com as candidaturas de Cássio Cunha Lima e de Veneziano ou Vital do Rêgo ao Governo do Estado.

Significa que o atual governador não chegará sequer ao segundo turno das eleições em que tentar a própria reeleição, mesmo se usar e abusar da força da máquina do Estado e do peso da caneta fazedora de eleitor que troca seu voto por uma aspone qualquer no governo de quem o nomeia.

Este é o cenário político aparentemente mais fácil de montar por qualquer um que se faça a seguinte pergunta: se na Capital, o reduto que perdeu para os Luciano Agra e Cartaxo, Ricardo parece mais desgastado do que em qualquer outra cidade ou região, onde ele vai arranjar voto para se contrapor à avassaladora e natural preferência de Campina pelos campinenses Cássio e Veneziano?

Será que o governador imagina equilibrar o jogo arranjando-se nos colégios eleitorais médios, feito Santa Rita, Patos, Sousa, Bayeux, Guarabira e Cajazeiras ou vai investir na soma de votações miúdas em pequenos municípios? Sendo assim…

Alguém aí acredita que Ricardo possa ser majoritário em Patos, onde as duas maiores lideranças locais se dividem entre Cássio (Dinaldão e Dinaldinho) e Veneziano (a prefeita Chica Motta e o ex-prefeito Nabor Wanderley)? Ou em Santa Rita, onde os Panta e o neo-cassista Quinto tendem a anular qualquer apoio a Ricardo que venha do fragilizado prefeito Reginaldo Pereira?
Ou será que RC aposta em Sousa, onde não deverá contar, sequer, com Lindolfo Pires, muito menos com os Gadelha e agora – nem pensar – com o ex-prefeito Fábio Tyrone, recém convertido ao tucanato? E o que dizer de Guarabira, onde o prefeito Zenóbio Toscano, cassista roxo, racha os votos locais ao meio com os Paulino (Roberto, Fátima e Raniery), peemedebistas viscerais?
Restariam Bayeux e Cajazeiras. Bayeux do prefeito Expedito Pereira, um ex-maranhista doente que pode sofrer uma recaída se pesquisas sérias de intenção de voto refletirem em futuro próximo o que hoje “andam suspirando pelas alcovas” e “combinando no breu das tocas”.

E Cajazeiras, que tem de um lado entre o ex-prefeito Carlos Antônio, um cassista de quatro costados emprestado ao governo de Ricardo, e, do outro, o deputado Vituriano de Abreu, que já disse que para ajudar a derrotar o governador não teriam o menor problema em subir no mesmo palanque de ‘Carlinhos’?

Restaria então, ao governador, a miudeza. Mas é justamente nas menores cidades onde resistem as maiores rivalidades no melhor estilo Pastoril, onde só cantam e dançam os cordões azul e encarnado. Quem é do laranja, meu caro, só faz assistir.

Braga teria inspirado RC

Depois do que o governador aprontou no último sábado no Vale das Palmeiras, Potinho de Veneno ficou convencido de que Ricardo Coutinho deve seguir o exemplo de Wilson Braga e tentar retomar a sua carreira política em 2016, candidatando-se a uma vaga na Câmara de Vereadores da Capital.

Para firmar seu convencimento, Potinho lembra que no passando recente Braga empreendeu uma jornada digna da mitológica Fênix, ressurgindo das cinzas para se eleger vereador e prefeito da Capital após uma passagem nebulosa pelo Governo do Estado (1983-86) que quase o aposenta precocemente, politicamente falando.

O Grito de uma Geração

O executivo Rui Leitão lança nesta terça-feira à noite, em João Pessoa, o livro ‘1968 – O Grito de uma Geração’, que o próprio autor define como “um resgate histórico de como a Paraíba viveu o ano que mudou o mundo, principalmente no que diz respeito ao movimento político estudantil e à produção cultural”. O lançamento será às 19h, no novo Restaurante Picuí Praia (Rua Severino Linhares Pordeus, 59, Bessa). Sob o selo da Editora UEPB, o livro traz prefácio do advogado Irapuan Sobral, apresentação do jornalista Paulo Santos e um miolo de extrema qualidade, resultado de instigantes e reveladores textos sobre o mundo, o Brasil e a Paraíba em 1968. Os textos foram publicados nos últimos dois anos no portal Wscom, do qual Rui é colunista.

O conteúdo da obra não se fez, contudo, tão somente das observações ou lembranças do autor. Rui aplicou-se em pesquisas sobre aquele momento transformador da humanidade e a elas juntou a sua própria memória, como testemunha de um tempo ou militante de movimentos sociais e políticos que no Brasil confrontavam uma ditadura e, lá fora, todas as ordens e costumes estabelecidos.

Entusiasmei-me com o resultado da pesquisa e, obedecendo à cronologia dos acontecimentos em 1968, procurei, na condição de colunista do Wscom, dar conhecimento público de tudo o que se vivenciou, naquela época, aqui no Estado da Paraíba. Esperamos, assim, estar contribuindo para que as gerações que nos sucederem possam compreender como nós, paraibanos, fomos também protagonistas de um dos mais importantes períodos da nossa história”, arremata o autor.