O governador Ricardo Coutinho (PSB) rechaçou, com veemência, a nota do pelo Ministério das Cidades, divulgada na noite desta sexta-feira (10), em que afirma que o Governo da Paraíba teria sido “privilegiado” durante a gestão da presidente eleita Dilma Rousseff (PT), e que por isso foram retirados os recursos destinados à obra do viaduto Eduardo Campos, popularmente conhecido como ‘Viaduto do Geisel’. O valor subtraído pelo governo federal foi de R$17,8 milhões.
Em entrevista ao Paraíba Já, neste sábado (11), Ricardo alegou que o ministro desconhece o que já foi executado na obra do viaduto, visto que informou na nota que apenas 22% do serviços haviam sido concluídos.
“A nota afirma com todas as letras o que eu disse: os R$17 milhões foram retirados com uma obra a pleno vapor, com mais de 50% feito”, pontuou o governador paraibano.
Ricardo destacou que 52% do investimento total na obra do viaduto é do Governo da Paraíba e 48% de recursos federais. Ele ainda lembrou que as principais obras executadas em seu governo têm tido maior volume de investimentos dos cofres do tesouro estadual.
“O viaduto do Geisel tem a parte federal na ordem de 48% da obra; o Centro de Convenções teve 36% de recursos federais; o Parque de Bodocongó (em Campina Grande) terá cerca de 40% de recursos federais. Qual a obra, na história da Paraíba, que tenha tido participação federal de menos de 90% de recursos da União? A desinformação do Ministério machuca o bom senso”, lamentou o governador.
Privilégio? só para os desinformados
Ricardo estranhou a afirmação do Ministério das Cidades de que sua gestão teria sido “privilegiada” pelo governo da presidente eleita Dilma Rousseff. O governador lembrou que, entre o final de 2015 e início deste ano, a Paraíba sofreu com desabastecimento de combustíveis pela Petrobras, enquanto ele saía em defesa da manutenção do mandato da petista.
“Rechaço veementemente a afirmação de que o estado da Paraíba tenha tido algum privilégio do governo federal, em qualquer época. Só a desinformação ou má-fé para afirmar tamanho absurdo”, declarou o governador.
Das ameaças
Ao revelar à imprensa sobre o imbróglio com o governo federal, Ricardo afirmou, na sexta-feira (10), que iria “entrar na Justiça para dirimir esta situação”. O Ministério das Cidades informou, por sua vez, que irá aguardar os trâmites legais do processo. O governador lamentou o posicionamento e revelou que viu a nota como uma “carta de confissão” de um ato não republicano.
“Só tenho a lamentar o teor de uma nota onde, além de confessar que retirou o dinheiro de uma obra que mais da metade dos recursos são do governo estadual, diz textualmente que praticará mais uma retaliação ao dizer que, caso o Estado demande na Justiça, não pagará nada até o trânsito em julgado da sentença, ou seja, dez anos depois do viaduto pronto”, observou o governador.
Apesar de ainda não ter definido como se dará a execução da obra após o ‘golpe’ do governo do presidente interino Michel Temer (PMDB), Ricardo deu sinais de perseverança. “A Paraíba pode ser pequena, mas tem alma e coragem na sua caminhada”, afirmou.
Da atuação da bancada paraibana
O ministro das Cidades Bruno Araújo, que é deputado licenciado pelo PSDB de Pernambuco, informou que avaliou os recursos destinados ao Viaduto do Geisel após a bancada de senadores da Paraíba ter solicitado que houvesse uma análise do caso.
De acordo com o auxiliar de Temer, o diálogo ocorreu quando esteve na semana passada na Paraíba. Ele visitou Campina Grande e foi recepcionado pelo senador Cássio Cunha Lima (PSDB) durante a abertura do Maior São João do Mundo.
Na entrevista ao Paraíba Já, Ricardo declarou que os paraibanos devem saber o que cada parlamentar tem pleiteado para o Estado junto ao governo federal. “A Paraíba quer e merece saber quem agiu e age contra as obras do Estado, boicotando a liberação dos parcos recursos e das pequenas contrapartidas. Alguns já estão se colocando publicamente”, finalizou o governador paraibano.
Créditos: PARAÍBA JA