RC golpeia a UEPB

Rubens Nóbrega

Que me perdoe Dona Lúcia Braga, mas vou concordar com John Lennon: o sonho acabou. Pelo menos o sonho da autonomia que a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) conseguiu transformar em realidade há sete anos, no Cássio I.
Sob o Ricardus I, a instituição passou a viver um pesadelo. Desde janeiro de 2011, não conta mais com os recursos que são seus por lei e direito. Sua autonomia financeira foi, portanto, reduzida a pó pelo governador que prometeu respeitá-la.
Ontem, veio o golpe de misericórdia. Dos mais de R$ 27 milhões que esperava receber de duodécimo em janeiro, ao checar o que o governo estava lhe repassando a Reitoria da UEPB constatou que só vai dispor de R$ 18 milhões.
O choque foi tamanho que a reitora Marlene Alves deixou os pruridos de lado e rasgou o verbo para dizer que o governador estava rasgando a autonomia da UEPB.
O soberano acusou o golpe. Tanto que em seu programa semanal de rádio e também via Twitter insinuou que a Magnífica estaria querendo dinheiro além da conta, mais do que precisaria para pagar as contas da UEPB.
Só se for ‘além da conta única do Estado’, onde o Ricardus I teria passado a depositar o dinheiro da UEPB, mostrando que além da queda é capaz de dar um coice daqueles em quem acreditou e votou nele, confiando em suas promessas.
Pior: com seus comentários e twittada, o monarca não apenas desrespeitou a UEPB como a própria Marlene, que já deve ter perdido a conta do quanto tem para receber do governo. Segundo o último levantamento, já são mais de R$ 100 milhões.


Promessa da campanha

“Como governador, pretendo expandir a UEPB ainda mais, consolidando cada vez mais sua autonomia administrativa e financeira”, prometeu Ricardo Coutinho durante a sua campanha para governador, em 2010.
A promessa foi feita pelo então candidato do PSB em seu Guia Eleitoral na televisão, mas, a exemplo de tantas outros, esse foi mais um compromisso assumido e completamente esquecido, além de brutalmente descumprido, após a posse do ‘home’.
Acompanhem a seguir, na íntegra, o que disse Ricardo Coutinho no seu Guia Eleitoral sobre a UEPB e o que ele prometeu à comunidade universitária da Estadual.
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Defendi como deputado a preservação e a consolidação da UEPB, que começava por sua autonomia financeira e administrativa. Estive ao lado de servidores e professores, que chegaram a enfrentar uma greve de fome, com risco de vida (sic), só para ter uma simples audiência com o governador Maranhão.
A autonomia da UEPB foi garantida no governo Cássio, mas essa conquista vez por outra é ameaçada. O governador, que quase deixou os servidores da UEPB morrerem de fome, sem conceder uma simples audiência, defende a federalização da Universidade. É um atalho para esvaziá-la e enfraquecê-la. Querer passar a Universidade adiante é uma forma enviesada de dizer que não gosta dela.
Como governador, pretendo expandir a UEPB ainda mais, consolidando cada vez mais sua autonomia administrativa e financeira e valorizando a Universidade como instrumento do processo democrático de promoção social através da educação pública, gratuita e de qualidade. Vamos levar a UEPB a todas as regiões da Paraíba, melhorar as suas instalações e fazê-la instrumento indispensável ao desenvolvimento da nossa Paraíba.
A lógica do desmanche
Privatizar uma universidade pública é complicado. É mais fácil fechar e fazer a alegria de quem explora e ganha rios de dinheiro com o ensino superior particular.
NÃO PERCAM, AMANHÃ
Por falar em sonho, tem um acalentado por mais de 60 anos, que para se transformar em realidade exigiu investimentos de mais de R$ 100 milhões em recursos públicos, pode ajudar enormemente a redenção econômica da Paraíba, mas atualmente está completamente abandonado.
Na coluna de amanhã, trarei a palavra abalizada e ao mesmo tempo aflita de quem trabalhou nesse projeto por quase dois decênios e hoje teme que ele vá por água abaixo, literalmente, por falta de compromisso e competência do atual governo para concluir e manter o que encontrou em andamento.