Saúde no Brasil precisa de prioridade máxima

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O governo federal ainda quebra cabeça para melhorar as condições de saúde da população e insiste na polêmica proposta de recrutamento de médicos, inclusive do exterior, para atender a comunidades carentes. O único consenso que existe, apontado por levantamentos de entidades públicas e privadas, é que precisa haver prioridade máxima para a Saúde no país. O presidente do Conselho de Secretários Estaduais de Saúde, Wilson Alecrim, avalia que a maior deficiência não é de equipamentos e, sim, de recursos humanos, o que fortalece a bandeira da contratação de mais profissionais, em paralelo com uma remuneração mais justa.

Está sendo aprontado o edital para absorção de médicos, com estimativa de preenchimento de dez mil vagas. O salário dos que forem para o interior do país e periferias das grandes cidades ficará em torno de R$ 10 mil. A presidente Dilma Rousseff passou a sinalizar, nas últimas horas, que será autorizada a vinda de médicos estrangeiros somente para aqueles lugares em que os profissionais brasileiros não se candidatarem, e mesmo assim em caráter temporário. Hoje, entidades ligadas à área de saúde prometem mobilização nacional com protestos em vários Estados para lutar, entre outros pontos, contra o recrutamento de profissionais de fora do território nacional sem a revalidação do diploma. Também serão cobrados mais investimentos no setor. O ministro Alexandre Padilha garantiu que o governo da presidente Dilma Rousseff está concluindo um esboço das alternativas a serem propostas.

Um levantamento feito pelo Ibope revela que as reclamações quanto à baixa qualidade dos serviços de saúde são pertinentes, envolvendo hospitais lotados, atendimento ruim e poucas opções de tratamento. O Brasil gasta 8,9% do Produto Interno Bruto com Saúde. É um percentual até considerável. Só que o governo, via Sistema Único de Saúde (SUS) arca apenas com 46% desse total. O resto sai do bolso do cidadão, que paga por planos de saúde e remédios. No Reino Unido, onde a carga de impostos é equivalente à do Brasil e o sistema de saúde é, em tese, para todos, como aqui, o governo banca aproximadamente 80% dos gastos. A conta só tende a crescer, pois, à medida que a população envelhece, aumentam os gastos com doenças da maturidade, como câncer ou problemas circulatórios. Ao mesmo tempo, exames e tratamentos são cada vez mais caros.

Estados e municípios já investem mais do que a Constituição manda, daí a pressão para que o dinheiro adicional saia do governo federal. De acordo com o ministro Alexandre Padilha, a presidente Dilma quer investir melhor na Saúde sem necessariamente elevar a carga tributária. O Brasil tem 1,8 médico para cada 1.000 habitantes. Quase tanto quanto o Canadá, com 2 por 1.000. Mas os profissionais brasileiros não chegam a áreas remotas ou pobres do país, conforme matéria publicada pela revista “Época”. Há 1.581 municípios sem médicos de atenção básica, generalistas que agem na prevenção de doenças, prestam os primeiros socorros e fazem o pré-natal. Para o longo prazo são sugeridas parcerias municipais e o incentivo a especialidades médicas esquecidas, como pediatria ou reumatologia. Também o investimento na prevenção é tido como essencial. O programa de vacinação antecipada contribuiu, por exemplo, para erradicar a varíola e a poliomielite.

A Sociedade Brasileira de Urologia está mobilizando a sociedade civil e os médicos para que participem da consulta pública da Agência Nacional de Saúde Suplementar sobre o novo rol de procedimentos que entrará em vigor a partir de janeiro de 2014 e será obrigatório para todos os planos de saúde do país. A consulta permanecerá aberta até o dia sete próximo e vai definir a cobertura mínima desses contratos. A ANS vai decidir qual a obrigatoriedade ou não de os planos de saúde cobrirem esses procedimentos, e a sociedade tem que dar sua posição, incentiva o presidente da SBU, Aguinaldo César Nardi. Ele defendeu que é muito justa essa participação e propôs, também, que os tratamentos novos e modernos, comprovados cientificamente, devem estar automaticamente contidos no rol para benefício dos pacientes. A mudança nos procedimentos se dá a cada dois anos, e como alerta Nardi, muitos pacientes podem ficar fora dos tratamentos mais modernos se não forem aprovadas mudanças agora em 2013. (Com Agência Brasil)