Considerando apenas o que foi pago pela Secretaria de Comunicação Social do Estado nos últimos dois anos, o governo de Ricardo Coutinho gastou não menos que R$ 80.624,62 por dia com publicidade para se promover na mídia.
O investimento governamental nessa ‘obra’ consumiu nada menos que R$ 58.855.972,90 dos cofres públicos no período. Foram R$ 43.814.865,25 em 2012 e R$ 15.041.107,65 em 2011. Este ano, a previsão é de que sejam gastos mais R$ 36 milhões.
Com isso, a sangria diária do erário na promoção do governo do segundo estado mais pobre da Federação deve aumentar em ano pré-eleitoral para R$ 87.539,70 e o gasto trienal com publicidade vai bater na casa dos R$ 100 milhões.
Trata-se de um recorde. Ricardo Coutinho pode realmente se gabar de que em matéria de publicidade chegou a vez de a Paraíba ir mais longe, pois a sua realização em propaganda mostra realmente que o atual governo foi longe demais.
Tão longe que deixou o Cássio II e o Maranhão III na poeira. No biênio 20072008, o governo de Cássio Cunha Lima gastou R$ 41.378.050,36 com publicidade e o de José Maranhão, R$ 33.982.917,27 (20092010).
Esses números podem ser conferidos por qualquer cidadão no Sagres, sistema de acompanhamento dos gastos públicos disponível no portal do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Acesse portal.tce.pb.gov.br/aplicativos/sagres/.
Gasto deve ser bem maior
Com a ressalva de que a despesa com publicidade aqui mencionada diz respeito apenas à velha Secom de guerra, lembro que esses dados e cálculos não incluem aquilo que o governo pode gastar – e como gasta! – através de empresas como a Cagepa ou autarquias feito o Detran.
Não entram também nessas contas o que vai para A União, o jornal oficial, e a Tabajara, a rádio oficial. E falam ainda numa baba que seria o por fora pago a determinadas figurinhas carimbadas que promovem e defendem o governo com fanatismo de militante girassolaico.
Mas isso é de mui difícil comprovação. Até por que, se realmente existir, é como dizem lá em Brasília: “Corrupção não passa recibo”. Logo…
Onerosa fábrica de ilusões
De qualquer forma, é realmente uma fortuna o que a Paraíba enterra nessa fábrica de ilusões e efeitos especiais em que se transformou aquilo que bajuladores e marqueteiros governamentais chamam – talvez por gozação – de “publicidade institucional”.
Trata-se, na verdade, de vigorosa afronta à Constituição, acintosamente cometida a cada dia e a cada noite nos espaços publicitários mais caros de jornais, rádios, tevês, internet, outdoors, placas etc. Ou nas vozes e penas supostamente alugadas a peso de ouro ao governismo.
Afronta à Constituição
Quando menciono a Constituição é porque a publicidade deste governo fere de morte o princípio da impessoalidade e transgride frontalmente o disposto no parágrafo primeiro do art. 37 da nossa Carta de Leis, que tem a seguinte redação:
§ 1º – A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
Mas o governo gasta como se não desse a mínima para o que manda a legislação. Continua torrando milhões do contribuinte para reconquistar popularidade e votos de quem apostou no diferente e ganhou um igual ou pior do que tudo já visto na Paraíba.
323 cestas básicas por dia
A grana que Ricardo Coutinho pretende gastar por dia em campanha aberta pela reeleição daria para comprar pelo menos 323,4 cestas básicas a cada 24 horas para alimentar famílias pobres que na Paraíba representam mais da metade da população.
Para chegar àquele número, basta dividir R$ 87.539,70 por R$ 270,61, valor da cesta básica na Paraíba válido para o mês de março recém findo, conforme pesquisa de preços feita pelo Ideme, órgão do próprio Estado.
Esse Potinho é um veneno…
Potinho de Veneno ligou ontem para dizer duas coisas. Primeiro, que viu foto do governador posando ao lado de um cavalo que teria o nome de Incitatus. Segundo, que a Assembleia comemora amanhã 187 anos de existência com palestra de Gilvan Freire sobre ‘O Legislativo da Paraíba no Império’, tema que considera atualíssimo.
