Desde a estréia neste jornal, último dia 12, troco mensagens com o advogado, escritor e articulista Pedro Marinho sobre o empenho dele e outros familiares do saudoso Maestro Joaquim Pereira para botar o nome do grande compositor e músico paraibano em escola da rede municipal de ensino de João Pessoa.
Eles se empenham nessa causa junto à Prefeitura da Capital, mas não o fazem como quem pede favor. Não precisa. A homenagem está prevista em lei aprovada pela Câmara Municipal, segundo projeto de autoria do vereador Pedro Coutinho apresentado há mais de 15 anos, mas, inexplicavelmente, parece sofrer irremovível veto do prefeito Luciano Agra.
Segundo informações do Doutor Pedro, gestões foram feitas junto ao alcaide da hora para consumar a homenagem, mas Sua Excelência não deu a menor e, na base do “faço o que quero porque mando e posso”, preteriu o Maestro e resolveu homenagear outras figuras que são tão ilustres e relevantes quanto Joaquim Pereira, mas…
Os escolhidos pelo alcaide foram o médium Chico Xavier, o também músico Radegundis Feitosa e o Professor ‘Ubirajara Pinto Rodrigues. Nada contra qualquer um desses. Muito pelo contrário. A família de Joaquim Pereira considera justíssimas tais homenagens, mas entende que o prefeito poderia, pelo menos, respeitar certa ordem de precedência, vez que o nome do Maestro aguarda vez há dois decênios e meio, ou seja, há muito mais tempo do que os lembrados e contemplados em razão, talvez, de filmes em cartaz ou tragédias mais recentes.
E se eu lhes disser que, além de tudo, o atual regime sequer levou em consideração o desejo de uma viúva de 94 anos que, vendo o nome do seu marido vitimado por um ato de preterição explícita do governo da Capital, resolveu recorrer à Justiça? Foi o que aconteceu: Dona Zilda Soares de Oliveira entrou com um mandado de segurança para obrigar a PMJP a colocar o nome de Joaquim Pereira em alguma das novas escolas da rede municipal.
Nem assim ela conseguiu. Sequer uma liminar lhe foi concedida pelo titular da Vara da Fazenda Pública da Capital na qual ajuizou o pedido. Também… A pobre da viúva não teve mesmo sorte: ao que estou informado, sua petição foi cair nas mãos do mesmo juiz que deu liminar para o prefeito Luciano Agra tomar posse do Aeroclube e o alcaide aproveitou a ordem, presumidamente de curta validade, para – só de raiva, talvez – mandar destruir a pista do estabelecimento.
Quem foi Joaquim Pereira
Copiando quase integralmente texto disponível na Wikipédia, a enciclopédia livre da Internet, reproduzo a seguir um resumo biográfico do Maestro Joaquim Pereira.
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O compositor, músico e maestro paraibano Joaquim Pereira de Oliveira nasceu em Caiçara, em 27 de maio de 1910, e faleceu no dia 29 de março de 1994.
Desde cedo, destacou-se por seu talento no clarinete, sendo nomeado aos 19 anos sargento-mestre da Banda de Música da Polícia Militar da Paraíba.
O maestro também foi um dos fundadores da Orquestra Sinfônica da Paraíba e dirigiu uma das mais famosas bandas de música do Exército Brasileiro, a Banda da Academia Militar das Agulhas Negras, no Rio de Janeiro. Deixou mais de 300 composições de diversos estilos como dobrados, hinos, sacras, serenatas, valsas e ainda uma sinfonia. A composição mais conhecida do Maestro Joaquim Pereira é “Os Flagelados”.
O maestro teve a sua vida e obra biografada no livro: “Joaquim Pereira, Maestro da Orquestra Sinfonica da Paraíba”, obra de autoria de seu genro, Pedro Manoel Macedo Marinho.
Joaquim foi o único compositor brasileiro que teve um de suas composições executadas na estreia da Sinfônica da Paraíba. O seu mais famoso trabalho o dobrado “Os Flagelados” é executado em vários países e foi composto, graças a sensibilidade do compositor, ao encontrar na capital da Paraíba centenas de retirantes da seca ocorrida no sertão no ano de 1930. Parte de sua obra foi gravada em dois CDs duplos, denominados “Joaquim Pereira Dobrados & Valsas”
O nome do maestro Joaquim Pereira encontra-se perpetuado nos pavilhões de música da Academia de Agulhas Negras, em Resende, e no 1º Batalhão de Infantaria na Paraíba.
Prefeitura não responde
Como vêem, por todos os títulos o Maestro Joaquim Pereira é merecedor da homenagem que a Prefeitura da Capital está devendo e não paga, por capricho pessoal ou preferência do Senhor Prefeito, que não leva em conta, sequer, o fato de o homenageado em espera ter sido professor de música de diversas escolas da cidade.
Informo e esclareço ao distinto público que a razão do proceder de Sua Excelência vai ficar sem explicação definitiva, por enquanto, porque resposta alguma tive da Prefeitura ao tentar obter informações e esclarecimentos sobre o assunto através da Secretaria de Comunicação Social da PMJP.
A tentativa data da última segunda-feira, 18, dia em que mandei o seguinte i-meio para a jornalisat Lívia Karol, secretária de Comunicação Social da Prefeitura de João Pessoa:
– Senhora Secretária, solicito informar e/ou esclarecer o seguinte: tenho a informação de que mais dois colégios serão inaugurados até o final do mês na Capital e nenhum deles terá, como homenagem, o nome do Maestro Joaquim Pereira, cujos familiares aguardam há 15 anos que a PMJP dê cumprimento, nesse sentido, a projeto de lei de autoria do então vereador Pedro Coutinho, aprovado pela Câmara de João Pessoa. Sobrinho do maestro repassou-me que a família teria solicitado algo nesse sentido ao prefeito Luciano Agra e esperava ser atendida quando da inauguração de uma escola no Bessa, que teria recebido o nome de Chico Xavier. O incrível dessa história é que a viúva, de 94 anos, chegou a recorrer à Justiça ano passado para fazer valer a homenagem ao finado marido, mas, ainda assim, não conseguiu. Pergunto: a gestão tem alguma coisa contra o Maestro Joaquim Pereira? Ou o nome do maestro, por vontade do prefeito, será algum dia e finalmente afixado no frontispício de alguma obra ou logradouro na Capital?
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Até seis da noite de ontem, nenhum retorno da Secom municipal sobre o caso do Maestro Joaquim Pereira foi enviado para [email protected]. Continuarei no aguardo. Quando chegar alguma coisa, se chegar, publicarei.