Nilvan Ferreira
Diz o velho ditado que cada pessoa tem seu preço e isso independe de quem está no exercício do poder. O ditado pode até ser verdadeiro, mas cada consciência, na prática, deixa o cidadão, o agente político, bem a vontade de, inclusive, mostrar que nem sempre todos estão à disposição para servir de mercadoria.
Na nova Paraíba, inaugurada a partir de Janeiro deste ano, muitos já foram negociados, venderam sua história, sua trajetória, seus discursos, esqueceram as amizades. Preferiram as benesses do poder, optaram por ficar na lembrança das pessoas como verdadeiros traidores, reféns das vantagens, que envenenam as vaidades dos fracos, dos covardes e dos venais.
Em alguns casos nem combina. Quem diria que um dia veríamos, por exemplo, Hervásio Bezerra, rasgar sua vida pública, esquecer as vezes que foi assacado pelo grupo “girasol”, acusado que foi de integrante da “confraria”, e hoje ser o principal defensor do projeto de governo que se instalou no nosso estado?
Hervásio esqueceu o passado de lealdade que construiu ao lado de Cícero Lucena, não levou em conta que foi um dos homens de confiança da gestão do PSDB na prefeitura da capital, preferindo outros vôos, mesmo que isso, praticamente, destruísse sua carreira retilínea.
E tem mais. E João Gonçalves? Esse foi até candidato a prefeito nas eleições de 2008. Atacou Ricardo Coutinho. Foi atacado também. Denunciou os principais escândalos da gestão do “coletivo”. Não poupou críticas, foi pro enfrentamento, gritou, esperneou, mas também foi vencido pelo cansaço e pela impossibilidade de lutar contra a “estrutura” de governo, e para não ver o bicho “dando águia” e a banca quebrar, começou a enxergar o mundo com outros olhos e também “deu o pulo do gato”.
A outra novidade nesse balcão de negócios é a adesão de Vera Lucena, que chaga à Câmara de Vereadores de João Pessoa, ocupando a vaga de Raoni Mendes, numa articulação do governo e da prefeitura. Vera conquista a vaga de vereadora com o compromisso de todos os dias pedir a benção a Luciano Agra, também esquecendo episódios históricos, inaugurando um novo capítulo na sua vida: o da traição.
Observem que quase todas as investidas do grupo dominante tem como principal alvo o senador Cícero Lucena. Não querem saber o preço da liderança, nem as conseqüências, nem tão pouco o que a opinião vai pensar. O que vale mesmo é fechar o “negócio”, comprar a mercadoria e mandar a imprensa fazer o espetáculo na divulgação.