Rubens Nóbrega
Morri de vergonha do meu Estado ao abrir a capa do Uol sábado último (3) e ver, entre as principais manchetes desse que é um dos maiores portais de notícia da América Latinha, o seguinte título: “MP da Paraíba encontra irregularidades em mais de mil escolas no Estado”.
A matéria divulgada pelo Universo online baseia-se no resultado de trabalho da promotora de Justiça Fabiana Lobo e equipe, que nos últimos doze meses fiscalizaram 1.057 escolas municipais e do Estado, encontrando diversos e inacreditáveis absurdos, entre outros os seguintes:
salas de aula infestadas de barbeiros e cupins;
escolas sem merenda ou merenda mal armazenada;
rãs dentro de filtro de água e de geladeira;
alunos tomando água de torneira sem filtração;
escola no mesmo local onde à noite funciona um bar;
alunos de três e 15 anos dividindo a mesma sala.
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Algo dessa magnitude não é obra de uma única gestão. Ninguém, governador ou prefeito, conseguiria sozinho fazer tanto mal à educação pública na Paraíba. A desídia há que ser repartida por cada governante de agora com seus antecessores dos últimos 30 anos, pelo menos.
Todos deveriam ser responsabilizados criminalmente. Precisamos atualizar a lei penal (acabando com a irretroatividade para casos semelhantes) e fazê-los pagar por abandono intelectual de no mínimo três gerações de alunos, principalmente crianças e adolescentes, e por abandono material de mais de 3 mil escolas públicas.
A furadeira do Trauma
Ontem à tarde, a vergonha aumentou ainda mais…
Não havia me refeito da matéria sobre a educação na Paraíba quando no meio da tarde abri novamente o Uol e li a seguinte manchete: “Por falta de equipamentos, médicos usam furadeira para cirurgias delicadas na Paraíba”.
Dessa vez tendo como fonte a Associação Médica da Paraíba, o Uol mostrou ao Brasil e ao resto do universo online que no maior hospital do meu Estado “estão utilizando furadeira de marcenaria, a mesma usada na construção civil, nas cirurgias”.
Ainda segundo a entidade, “o equipamento craniótomo (utilizado para fazer perfurações no crânio) está quebrado há mais de um ano e, portanto, os profissionais só têm a furadeira como opção”. Acrescentando:
– O risco de morte aumenta consideravelmente, visto que com a furadeira o tempo da cirurgia aumenta para uma hora. Com o craniótomo, o tempo médio é de dez minutos e pelo menos 35 pacientes por mês teriam a necessidade dessa cirurgia.
Além disso, a Associação informou ao Uol aquilo que todo mundo já sabe: as condições de atendimento e de trabalho no Trauma ficaram muito ruins no atual governo e pioraram depois que o hospital foi entregue à Cruz.
‘Retrô’ RC I, Ano VI
Já que estamos tratando de coisas que envergonham…
Retomo hoje a retrospectiva dos seis anos e meio do Ricardo I, considerando que quando candidato a governador Sua Majestade prometeu fazer 40 anos em quatro.
Recordemos a seguir algumas obras do soberano entre a metade de maio e a primeira semana de junho de 2011, pra ver também se ele vem conseguindo fazer, como disse na posse, um governo sem ódio e sem perseguição.
• No dia 13, o PSB, partido real, estaciona um carro de som ao lado da sede da TV Cabo Branco e do Jornal da Paraíba, em João Pessoa, e passa horas e horas reproduzindo nota de ataque à direção do grupo empresarial de comunicação que também estaria cometendo crime de lesa majestade por divulgar a realidade dos fatos sem aceitar a ‘orientação editorial’ ou o filtro da Corte.
• No dia 27, cirurgiões do Hospital de Trauma em greve e anunciam decisão de pedir demissão coletiva em protesto contra má remuneração, falta de condições de trabalho e descaso do governo estadual.
• No dia 1º de junho, em vez de dialogar com o pessoal do HT, Ricardo I determina que médicos da Polícia Militar, lotados principalmente no Hospital Edson Ramalho, assumam o lugar e o trabalho dos grevistas.
• No dia 2, professores estaduais decidem suspender a greve porque o governador consegue na Justiça decretar a ilegalidade do movimento, além de descontar dias parados de quem fez greve, de quem não fez e até de quem estava de licença para tratamento de saúde.
• No dia 6, é exonerado o diretor do Liceu Paraibano, Abraão Alves de Carvalho, eleito e super querido pela comunidade escolar do mais importante colégio da rede estadual de ensino. Dias antes, o Professor Abraão se atrevera a confirmar que estavam vivos e se bulindo – até por que haviam trabalhado até pouco tempo atrás no colégio – alguns ‘funcionários fantasmas’ que o governo atual, para queimar o filme do anterior, incluíra numa lista de supostos defuntos que continuariam recebendo salários do Estado.
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Aguardem que tem mais. Ficou devendo o resto de junho, julho e agosto.