O equilibrista Eduardo Campos, por Ricardo Noblat
A que veio Eduardo Campos, candidato do PSB a presidente da República, entrevistado pelo Jornal Nacional?
De Lula ele não fala mal. De Dilma fala. Não se apresenta como o candidato da continuidade, mas tampouco da oposição.
Entre Marina Silva, sua candidata a vice, tida como inimiga do agronegócio, e o agronegócio, diz que fica com Marina. Mas na verdade espera colher os votos do agronegócio.
É contra o nepotismo. Foi o primeiro governador de Pernambuco a aplicar a lei que pune o nepotismo. Então por que fez campanha para eleger sua mãe ministra do Tribunal da Contas da União?
Ser ou não ser – o quê? O genérico da Dilma? O genérico do Aécio? Essa é a questão.
Candidato da terceira via é mais ou menos isso mesmo. Não tem – nem terá – vida fácil em um país que há 12 anos está dividido entre PT e PSDB.
Isso não quer dizer que ele se saiu mal da entrevista. Aproveitou-a, por exemplo, para destacar sua ligação com Marina, a maior cabo eleitoral, depois de Lula, que qualquer candidato desejaria ter. Citou-a várias vezes.
Valeu-se de uma comparação que originalmente não é dele, mas isso pouco importa. É inteligente e curiosa. Disse que o Brasil perde de 7 x 1 – uma inflação de quase 7% contra um crescimento da economia em torno de 1%. Ou menos.
E construiu uma frase matadora, se ela de fato ficar na memória das pessoas. A frase:
– O governo Dilma vai entregar o país pior do que recebeu.
A frase bate com o sentimento difuso que parece prevalecer entre os brasileiros.
Eduardo ganhou ou perdeu pontos com a entrevista ao Jornal Nacional?
Deve ter ganhado alguns. E perdido outros.