Que partido é esse?

Rubens Nóbrega

Que partido é esse organizado em mais de cinco mil municípios, mas não consegue se organizar em torno de um projeto, muito menos de uma candidatura com potencial para conquistar o poder no maior dos municípios paraibanos?

Que partido é esse com mais de 1,5 milhão de filiados e 60 mil dirigentes em todo o país, mas que na Paraíba serve de escada ou de muleta para partidos menores, candidaturas menores, em troca de benesses e cargos menores?

Que partido é esse que tem a presidente da República, cinco governadores e três vices, mas na Paraíba sucumbe a picuinhas e ambições mesquinhas e se imobiliza diante da possibilidade de eleger um prefeito de capital?

Que partido é esse que em 2010 elegeu 14 senadores, 88 deputados federais e 149 estaduais, tem a presidência da Câmara dos Deputados, domina as principais comissões do Congresso e na Paraíba ameaça fazer o papelão de legenda de aluguel?

Que partido é esse que nas eleições municipais de 2008 elegeu 560 prefeitos, 428 vice-prefeitos, 4.166 vereadores e na Capital da Paraíba estaria na iminência de reduzir o seu patrimônio político e eleitoral para atender a interesses extra-partidários?

Que partido é esse que cresce em todo o país (até o dia 14 deste mês filiou 155.715 novos militantes, um recorde nacional, com 2.729 desses novos filiados na Paraíba), mas em João Pessoa pode diminuir por falta de candidatura majoritária em 2012?

Não, não me digam que esse partido é o PT, o partido de Luiz Couto, de Luciano Cartaxo, de Anísio Maia, de Frei Anastácio, de Rodrigo Soares, de Antônio Barbosa e de tanta gente boa do mesmo PT que um bocado de gente associa à mudança e à capacidade de mudar pra melhor a vida do povo.

Não, não quero acreditar que o PT da Paraíba, particularmente o PT de João Pessoa, queira ser diferente ou pior que o PT de Lula, de Dilma e de tanta gente boa que lutou, penou e vem lutando e pelejando para fazer o Brasil avançar e nesse avanço acabar com os velhos costumes e práticas políticas.

Não, não quero nem pensar que o PT da Paraíba, particularmente o PT de João Pessoa, vai abrir mão de um projeto seu de governo para a capital em favor de um projeto de poder que se fez um fim em si mesmo e se revelou enganoso, maquiador, patrimonialista, sobretudo corrompido.

Não, não posso aceitar resignadamente que a Paraíba não tem jeito, que aqui os vícios venceram todas as virtudes e todos os idiotas perderam de vez a modéstia para conspirar contra o futuro de seus conterrâneos e concidadãos.

Refiro-me ao futuro que pode ser barrado pelo apego de poderosos da hora e seus aliados ao tempo presente, um tempo em que se multiplicam e se evidenciam os esquemas fazedores de fortunas pessoais à custa do erário.

Daí por que dói só de imaginar que o PT possa mais uma vez capitular em favor de quem perdeu o pudor, a vergonha e com muito gosto mete os pés e as duas mãos na lama para dela extrair a matéria-prima com que cínica e debochadamente vem esculpindo o atraso que nos amarra e arruína.


AGRADECIMENTO

Agradeço a Alexandre Almeida, presidente do PT em Campina Grande, os subsídios que involuntariamente me forneceu para escrever sobre minhas expectativas em relação ao PT da Paraíba, particularmente o de João Pessoa.

Os dados sobre o partido, citados na abertura da coluna, foram extraídos de nota distribuída semana passada pelo Doutor Alexandre com o seguinte título: “Dirigente petista conclama a sociedade a assistir ao vídeo PT 2012 – Onde o PT governa dá certo!”.

Segundo o dirigente petista, esse vídeo mostra o quanto é importante o partido ter candidatura própria nas principais cidades brasileiras, entre elas (por que não?) a nossa gloriosa Campina, onde o PT superou a casa dos 4 mil filiados.


Chances de Esteliz

“Diferentemente de Agra, Estelizabel é mais eloquente e mesmo sem ser uma Brastemp está a anos-luz do sucedido por ela. Dessa maneira, seja na campanha de TV, seja nos debates, teremos uma candidata com muito mais potencial para defender a administração iniciada pelo governador Ricardo Coutinho. Agra era pouco objetivo e normalmente se perdia nos labirintos da insegurança e da frágil memória quando falava de sua própria administração. Sequer dominava os dados dela”.

A avaliação é do analista e cientista político Flávio Lúcio Vieira, que voltou com todo o gás e a plena carga em seu Pensamento Múltiplo. É opinião mais do que qualificada, ancorada em textos de altíssima qualidade, escritos com clareza, objetividade e didatismo impressionantes.

Por essas e outras, quando quero saber e entender um pouco de política, principalmente a política dos grandes e pequenos atores e dos grandes e pequenos assuntos políticos da terrinha, o primeiro endereço que visito é o blog do Professor Flávio Lúcio (pensamentomultiplo.blogspot.com).
Deem uma passada lá e depois me digam se não tenho razão.