Qual o interesse do PT na eleição da UFPB?

Flávio Vieira

Desde o início da campanha para reitor da UFPB é perceptível o esforço do grupo que dirige a UFPB há quase 20 anos de “partidarizar” a disputa, tornando-a uma mera extensão do que ocorre lá fora.

Hoje, mais um triste capítulo dessa história aconteceu hoje. Diretamente da tribuna da Assembleia Legislativa da Paraíba,o deputado estadual do PT, Frei Anastácio, disse que tem em mãos um “dossiê” que, segundo ele, “confirmam a interferência dos governos do Estado e de João Pessoa na eleição para reitor da Universidade Federal da Paraíba em favor da candidata de oposição, Margareth Diniz.” Provas? Os factóides lançados pela campanha de Lúcia Guerra, especialmente via WSCOM, sem nenhuma consistência ou verossimilhança.

O problema é que Frei Anastácio não está sozinho no apoio à candidata apoiada pelo Reitor, Lúcia Guerra. Na semana passada, logo após o Consuni ter decidido adiar a eleição, o filho de deputado Anísio Maia, Anisio Maia Filho, comemorou o fato no Facebook nos seguintes termos: “Chora!!!! Acaba de ser aprovado pelo Conselho Universitário (CONSUNI) o adiamento da eleição para reitor na UFPB somente para depois da greve”.

O estranho em tudo isso é o manifesto interesse das lideranças políticas do PT na eleição da UFPB, o que parece mais grave do que o que eles denunciam, que é um possível interesse do governador Ricardo Coutinho, já que a universidade em nada depende do governo estadual.

Diferentemente do governo federal, que é comandado pelo PT. Se a UFPB é mesmo autônoma, o reitor Rômulo Polari, e sua candidata, Lúcia Guerra, deveriam repelir o envolvimento de políticos com a sua campanha, estes comprovada e declaradamente apoiadores da campanha da candidata oficial na UFPB.

Qual o interesse do PT na eleição da UFPB? Para um partido que tem na Presidência da República e no Ministério da Educação, a qual está ligada diretamente a UFPB, dois petistas (Dilma Rousseff e Aloísio Mercadante), não é um fato comum que deputados do partido que não tem qualquer vínculo com a universidade, não apenas manifestem abertamente suas preferências eleitorais, como participem diretamente da campanha de uma das candidatas à reitora, não por acaso aquela que é apoiada pelo atual reitor.

Nesse caso, o dito popular de que quem disso usa, disso cuida não parece ser apenas adequado, é uma realidade palpável.