PT, PSDB e o "centralismo"

Sérgio Botêlho

O PT fará sua primeira intervenção estadual visando alinhar a sigla com a campanha presidencial. O alvo será a seção do partido, em Santa Catarina. Ao que parece, a cúpula petista catarinense não está querendo apoiar a reeleição do governador Raimundo Colombo (PSD). E o PT nacional quer que assim seja, em virtude do projeto Dilma.
Ao baixar o “centralismo” naquele estado do Sul, a cúpula do PT dá um sinal inequívoco de que as preferências estaduais do partido devem se submeter à orientação nacional, que é de priorizar a reeleição da presidente.
Isso é tão evidente que, até em estados como o do Rio de Janeiro, onde o PT tem postulante competitivo ao governo, na pessoa do senador paraibano, Lindbergh Farias, o comportamento adotado pela cúpula petista não é o do efetivo fortalecimento dessa candidatura. Mesmo sem espaço para intervir, a direção nacional petista age para desestimular o propósito local.
Para não ferir mais ainda as susceptibilidades do PMDB, aliado preferencial dos petistas na luta pela reeleição de Dilma, Lula e a própria presidente gostariam mesmo era de ver o PT fluminense apoiando a candidatura do atual vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão.
O “centralismo democrático” não será apenas arma a ser utilizada pelo PT. O seu mais histórico oponente, o PSDB, também está prometendo alinhar os interesses das direções estaduais ao propósito nacional de eleger o senador Aécio Neves à Presidência da República.
Foi exatamente isto o que foi tornado público, semana passada, pela própria direção nacional tucana, numa espécie de “aviso aos navegantes” das políticas estaduais, no sentido de tomarem tenência com respeito à pauta política do país.
Será uma das campanhas mais duras, e, por isto mesmo, das mais radicalizadas dos últimos tempos. E os dois principais protagonistas do processo, o PT e o PSDB, estão realmente tomando suas providências para evitar comportamentos erráticos no interior das siglas.
E apenas o PSB, do governador Eduardo Campos, pelo menos por enquanto, não dá sinais de seguir a mesma trilha pelo fato de a sigla socialista não ter peso nacional do mesmo tamanho que possuem o PSDB e o PT. Seria reduzir a candidatura Campos ao tamanho do partido.
Em virtude dessa característica, o PSB tende a seguir caminho diferente, que é, justamente, o de aproveitar aqueles que no interior das diversas siglas, pelo país afora, resolvam adotar os comportamentos erráticos que PT e PSDB buscam evitar, em suas searas.
Não tem escapatória. O que vai acontecer Brasil afora, neste ano eleitoral de 2014, principalmente no PT e no PSDB, é um cerramento de fileiras em torno de Dilma e Aécio, respectivamente. Sem tribunal de apelação.